A startup norueguesa Freyr está trabalhando no momento na captação de recursos para construir no norte de seu país uma das primeiras superfábricas de baterias elétricas da Europa, em um projeto orçado em 40 bilhões de coroas (ou R$ 18 bilhões). Mas a empresa vislumbra um passo ainda mais ousado: a criação de um "cinturão das baterias" na Escandinávia.
Embora ainda esteja na fase de obter licenças de construção e de tecnologia e de levantar recursos para sua fábrica, a Freyr desde já vê espaço para o surgimento de mais quatro unidades em seu país de origem. A companhia acredita ser possível que esse número seja ainda maior se consideradas as condições oferecidas pelos países vizinhos, que têm terra disponível e ampla oferta de energia limpa, o que criaria um boom no segmento nas próximas duas a três décadas.
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"Nosso sonho seria ter matérias-primas vindas da Finlândia, tecnologia da Suécia e energia renovável da Noruega", disse à agência Bloomberg o presidente da Freyr, Torstein Dale Sjotveit, um veterano da indústria que passou a maior parte de sua carreira na produtora de alumínio Norsk Hydro ASA. "Juntos, nós construiríamos pelo menos dez fábricas no 'Cinturão Nórdico de Baterias'."
A Freyr está seguindo os passos da NorthVolt, que levantou US$ 1 bilhão com investidores no início deste ano para construir uma fábrica de células de íons de lítio no norte da Suécia. Entre os financiadores da empreitada estão a montadora de automóveis alemã Volkswagen e o conglomerado financeiro americano Goldman Sachs.
A NorthVolt e a Freyr lançaram seus projetos na esteira do esforço europeu para produzir no próprio continente baterias de veículos elétricos. Assim, em um momento em que a demanda por veículos elétricos deve crescer exponencialmente, as montadores europeias deixariam de depender de importações da Ásia.
A Freyr diz estar confiante em obter as aprovações necessárias para erguer sua fábrica no município de Rana (foto), onde vivem pouco mais de de 25 mil pessoas. No entanto, a empresa ainda trabalha para conquistar as autoridades locais e os pastores de renas. Só depois disso ela deve apresentar uma proposta para construir um parque eólico de 600 megawatts em uma montanha próxima.
O projeto de geração de energia, orçado em 5 bilhões de coroas (R$ 2,2 bilhões), teria mais que o dobro da capacidade de qualquer outro parque eólico norueguês. A empresa também planeja contar com a energia hidrelétrica local, mas diz que pode reduzir seu custo de energia em 24% se for capaz de construir o parque eólico.
Se o projeto da Freyr seguir dentro da programação, a produção de baterias vai começar em 2023.
(Foto: Fjord Tours)