Por metas ambientais, fundo de pensão da Dinamarca exclui Petrobras de seu portfólio

O MP Pension decidiu se desfazer dos investimentos em dez petroleiras que não teriam compromissos firmes com a adoção de energias renováveis

08 de setembro de 2019 3 minutos
Europeanway

O fundo de pensão dinamarquês MP Pension decidiu retirar de seu portfólio as ações que tem da Petrobras e de outras nove empresas do setor de óleo e gás. A medida tem relação direta com a estratégia da fundação de reduzir os investimentos que faz em setores responsáveis por altas emissões de poluentes causadores do aquecimento global.

Segundo o comunicado do MP Pension, o fundo vai se desfazer das participações que tem nas empresas Exxon Mobil, BP, Chevron, PetroChina, Rosneft, Shell, Sinopec e Total, além da Petrobras. Os desinvestimentos totalizam 644 milhões de coroas, ou o equivalente a R$ 387 milhões. O patrimônio do fundo dinamarquês é de mais de R$ 80 bilhões, de acordo com a agência Bloomberg.

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“O desinvestimento ocorre porque o MP avalia que os modelos de negócios de longo prazo das empresas são incompatíveis com as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris“, afirmou a fundação, em comunicado. Sob o Acordo, assinado em 2015, quase 200 países concordaram em limitar o aumento da temperatura média global para bem abaixo de 2°C acima dos tempos pré-industriais. As políticas atuais colocam o mundo a caminho de um aumento de pelo menos 3°C até o fim desde século.

O fundo disse ainda que sua decisão não se baseou apenas no desejo de contribuir com a transição verde, mas também na crença de que, com o tempo, o retorno de empresas que não tiverem compromissos efetivos com a sustentabilidade ambiental será afetado. “A demanda por petróleo cairá à medida que a transição verde ganhar velocidade”, disse o chefe de investimentos do MP Pension, Anders Schelde.

Recentemente, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, reafirmou que os investimentos da Petrobras na área de renováveis estarão voltados a pesquisa e desenvolvimento. Ele também questionou o nível de envolvimento das concorrentes petroleiras com iniciativas voltadas à adoção de energias limpas.

“Existe muito marketing, mas poucas ações efetivas”, disse o executivo, segundo a agência Reuters. “Se analisarmos as companhias europeias que focam em renováveis, a projeção dos renováveis em suas receitas em 2030 é de 1% ou no máximo 1,5%. Na prática, não é tudo isso.”

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