Para saber sobre a pandemia, Finlândia confia mesmo é na imprensa

03 de junho de 2020 3 minutos
Primeira-ministra Sanna Marin (centro) e ministras falam com a imprensa na pandemia: confiança elevada também nas autoridades na Finlândia

Na Finlândia, para ter informações confiáveis sobre o coronavírus, as pessoas não recorrem a grupos de WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens, a textos apócrifos no Facebook, a teorias da conspiração distribuídas no Youtube ou a comentários de contas obscuras no Twitter: a população do país, um dos mais bem-sucedidos na luta contra a covid-19, confia mesmo é nos jornais, canais e portais de notícias e em outros veículos da imprensa tradicional. A constatação aparece em um levantamento feito pela Universidade de Helsinque.

Ao todo, 1.354 pessoas, com idades entre 18 e 79 anos, foram ouvidas na pesquisa, realizada entre os dias 11 e 18 de maio. Cerca de 80% dos entrevistados disseram acreditar que a mídia tem feito um bom trabalho ao explicar como agir durante a crise – e também os ajudou a entendê-la. Além disso, três de cada cinco pessoas ouvidas declararam que os meios de comunicação são geralmente confiáveis.

As respostas apontaram maior confiança em títulos tradicionais da imprensa da Finlândia. Cerca de 90% dos entrevistados disseram confiar nas informações da emissora pública Yle. O Helsingin Sanomat, o maior jornal impresso do país, e o site de notícias MTV Uutiset também tiveram aprovação elevada. Dos entrevistados, 76% e 74%, respectivamente, declararam confiar nas informações desses veículos.

Na outra ponta, apenas 13% dos entrevistados afirmaram que as redes sociais são sua fonte preferencial de informações sobre a covid-19. Cerca de 20% das pessoas ouvidas disseram ter encontrado informações incorretas sobre a pandemia em várias redes sociais, a maioria em fóruns de discussão (37%).

Confiança também nas autoridades

A pesquisa também identificou altos níveis de confiança dos finlandeses nas autoridades do país. Dos entrevistados, 92% disseram confiar em cientistas e médicos que têm divulgado informações sobre a pandemia. Para pouco mais de 70% das pessoas consultadas, médicos, pesquisadores e o Instituto Nacional de Saúde e Bem-Estar (THL, na sigla original) são as melhores fontes para se ter informações fidedignas sobre a covid-19. Os políticos, por sua vez, foram considerados confiáveis e boas fontes de informação por cerca de 70% dos entrevistados.

Para registro: oficialmente, até esta quarta-feira, o coronavírus matou 31,2 mil pessoas no Brasil, número 97 vezes maior que as 321 mortes registradas na Finlândia. A proporção é muito maior que a da diferença no número de habitantes nos dois países. A população brasileira, de 210 milhões de pessoas, é 38 vezes maior que a finlandesa, de 5,5 milhões.

Europeanway

Busca