Na Finlândia, exemplar em educação, os professores querem turmas menores

Quando os finlandeses falam sobre ensino, o mundo escuta - e, no momento, o país debate reduzir o número de alunos em sala de aula e ampliar a escolaridade obrigatória

01 de agosto de 2019 4 minutos
Europeanway

Nas últimas duas décadas, a Finlândia tem frequentado com regularidade os primeiros lugares em todos os comparativos internacionais sobre educação. O país, que já foi um dos mais pobres da Europa, é hoje um dos mais inovadores do planeta, e graças à melhoria de seu sistema de ensino. Assim, sempre que os finlandeses anunciam alguma novidade sobre o tema, o mundo presta atenção – e, no momento, o debate passa pela redução do tamanho das turmas e o aumento da escolaridade obrigatória.

Os dois tópicos aparecem no conjunto de propostas elaborado pelo Sindicato de Professores da Finlândia (OAJ, na sigla em finlandês). As sugestões, apresentadas nesta quarta-feira, foram encaminhadas para análise do governo encabeçado pelo primeiro-ministro Antti Rinne.

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Entre outros pontos, a categria sugere reduzir para 18 o número de alunos por professor nos dois primeiros anos do ensino fundamental e para 20 nos anos subsequentes. O sindicato argumenta que turmas menores melhorariam a segurança da escola e aumentariam a interação dos estudantes com os professores, o que beneficia o aprendizado. Se adotada, a medida não seria exatamente dispendiosa: estima-se custo adicional de € 13 milhões (cerca de R$ 55 milhões) por ano ao Estado finlandês.

O sindicato também apresentou a ideia de aumentar de 16 para 19 anos a idade escolar obrigatória. Já se sabe de antemão que ampliar o tempo de escolaridade agrada ao novo governo finlandês: a coalizão que assumiu o poder no país em junho revelou que pretende tornar obrigatória a frequência escolar para todos os adolescentes de até 18 anos. A medida, segudo o governo, seria uma forma de conter o aumento do número de casos de delinquência juvenil.

Ainda assim, o OAJ pretende insistir nos 19 anos. Com 18, diz o sindicato, muitos estudantes acabariam interrompendo sua formação antes do término de seus cursos, já que boa parte dos alunos do ensino médio e de escolas profissionalizantes levam quatro anos para concluir toda a grade curricular exigida.

Na apresentação das propostas e demandas, o presidente do sindicato, Olli Luukkainen, também falou que é preciso tornar mais atraentes os salários iniciais da categoria – e a valorização dos professores, frise-se, é o ponto central da revolução educacional finlandesa iniciada nos anos 70. O OAJ quer um aumento gradual dos salários até que eles cheguem a € 3 mil (R$ 12,7 mil) mensais. Hoje, o salário inicial na Finlândia é de € 2.661 (R$ 11,2 mil) para professores do ensino básico e de € 2.873 (R$ 12,1 mil) para quem dá aula de disciplinas específicas em séries mais avançadas.

"A profissão de docente ainda é muito popular, mas o número cada vez menor de candidatos indica que os empregos no ensino e na educação estão perdendo seu apelo", disse Luukkainen, segundo registro da emissora pública Yle. "Isso pode ser um sinal de que os salários, as condições de trabalho e a oportunidades de progressão de carreira já não estão atraindo os jovens para a área como antes."

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