Suécia já testa sua moeda digital própria, a e-krona

06 de março de 2020 3 minutos
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A Suécia, um dos países mais próximos da virtual extinção do dinheiro vivo, deu mais um passo para se tornar o primeiro do mundo a ter sua própria moeda digital. A e-krona já está em testes, programados para ocorrer até fevereiro de 2021, segundo o Riksbank, o banco central sueco.

Tecnicamente, a e-krona não é uma criptomoeda, e sim uma CBDC. A sigla em inglês identifica dinheiro que é emitido e supervisionado pelo banco central de um país; a diferença é que, em vez de cédulas e moedas, ele existe em formato digital. As criptomoedas, como o bitcoin, por sua vez, são produzidas a partir de quebra-cabeças matemáticos complexos e sem o controle de um ente centralizado.

É justamente por ser uma das economias mais avançadas no uso de pagamentos digitais que a Suécia começou a desenvolver uma moeda digital oficial. Autoridades monetárias de todo o mundo têm alertado sobre o risco de não não haver controle sobre a emissão de dinheiro digital. Um dos receios é que alguns grupos da sociedade sejam excluídos do sistema financeiro se ele for controlado exclusivamente pelo setor privado.

Há também preocupação com outro cenário hipotético, mas para o qual os bancos centrais precisam estar preparados: e se, no futuro, todas as pessoas decidirem, de uma hora para outra, converter suas criptomoedas e outros recursos virtuais em dinheiro oficial, emitido e controlado pelo BC? A impossibilidade de todos fazerem a conversão minaria a confiança da população nos sistemas financeiros, que poderiam entrar em colapso.

Ninguém pode ficar de fora

À revista MIT Technology Review, Gabriel Söderberg, economista do Riksbank, argumenta que a saúde do sistema financeiro seria comprometida se ele ficasse sob controle exclusivo de companhias privadas. Como as empresas têm o lucro como objetivo, estratos não rentáveis da população (uma cidade com poucos moradores, ou com renda média muito baixa, por exemplo), pouco atraentes para as empresas, poderiam ser excluídos do sistema.

O BC, continua o economista, tem outra meta a perseguir: oferecer um bem público e criar um sistema de pagamento digital que seja fácil de usar e acessível a todos. Söderberg é também pesquisador de história econômica da Uppsala University, uma das mellhores universidades do mundo.

O pioneirismo sueco na área financeira não é de agora.  Em 1661, o país foi, por exemplo, o primeiro europeu a emitir papel-moeda. Hoje, sua posição vanguarda é representada por iniciativas na esfera pública, entre as quais está a própria e-krona, e também na privada. Nesse segundo grupo, um dos grandes destaques é o Swish, aplicativo de pagamentos onipresente nas transações comerciais dos suecos. Em um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, o app superou no ano passado a marca de 7 milhões de usuários.

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