Ao completar um mês na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva tem intensificado sua agenda por uma política externa mais efetiva e de reestruturação de pactos com parceiros importantes. Esse é o caso da Alemanha, a principal economia da União Europeia e uma potencial global que em apenas 30 dias enviou a Brasília seu presidente e seu chanceler. E, mais que discursos, as reuniões resultaram em medidas práticas entre as duas nações.
Embora a defesa da democracia, do meio ambiente e a intenção de celebrar ainda no primeiro semestre o acordo entre União Europeia e Mercosul tenham ganhado as manchetes, a visita de Olaf Scholz gerou parcerias importantes. Uma medida prática foi a doação de mais 200 milhões de euros ao Fundo Amazônia pelo país europeu, apoio tecnológico a micro e pequenos empreendedores verdes, financiamento com juros subsidiados para ações de reflorestamento e suporte técnico para que governos locais, sobretudo da Amazônia, desenvolvam frentes de preservação.
A reunião celebrou, inclusive, um alinhamento de prioridades. Se os alemães se comprometeram com a redução da desigualdade e da pobreza no Brasil, os brasileiros, pela primeira vez, seguiram os europeus em uma condenação enfática da invasão russa à Ucrânia. Lula propôs, ao lado de Scholz, a criação de uma nova frente de negociação para buscar a paz no leste europeu.
No encontro entre os presidente Lula e o Chanceler Scholz foi feito o relançamento da parceria estratégica entre Brasil e Alemanha, com o objetivo de fortalecer a cooperação entre as nações no enfrentamento dos desafios globais. Temas relacionados aos conflitos mundiais, questões como a expansão das energias renováveis, o combate às alterações climáticas e o combate à pobreza entraram na agenda entre os líderes brasileiro e alemão.
“Os líderes valorizam as intensas relações econômicas bilaterais entre Brasil e Alemanha. Ressaltaram a importância do aprofundamento das relações comerciais e destacaram a intenção de acelerar a conclusão das negociações de um acordo equilibrado entre o Mercosul e a União Europeia”, destaca o comunicado conjunto divulgado pelos países.
A liberação dos recursos para o Fundo Amazônia foi tratada diretamente pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com a ministra da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze.
Depois do encontro, no qual Schulze anunciou a doação de 200 milhões de euros – mais de R$ 1 bilhão –, para projetos de conservação de florestas e demais questões de clima nos 100 primeiros dias da gestão Lula, Marina Silva disse que os valores poderão inclusive ajudar o povo Yanomami, que passa por uma situação de emergência com grande parte da população da etnia em situação precária de desnutrição.
“Os recursos do Fundo Amazônia serão deslocados para ações emergenciais. Essas ações estão sendo tratadas em vários níveis, que envolvem: a questão da saúde; o tratamento ao problema da grave situação de fome, que está assolando as comunidades; a parte de segurança, para que essas pessoas possam ficar em suas comunidades”, declarou a ministra.
Na agenda de negócios, foi realizada uma reunião paralela entre o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e a ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze, além de empresários alemães e brasileiros.
Para além das pautas climática e de negócios, Lula e Scholz reafirmaram o compromisso “inabalável do Brasil e da Alemanha com a democracia, os direitos humanos e a inclusão social”. Também enfatizaram seu compromisso com o direito internacional, a Carta das Nações Unidas e a resolução pacífica de conflitos.
O presidente Lula deve ter outros encontros com líderes mundiais ainda no primeiro semestre de 2023, sendo o próximo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em fevereiro, quando o presidente brasileiro irá até Washington.