As mudanças climáticas estão redesenhando o mapa do turismo europeu. Ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes afetam regiões tradicionalmente populares, como Espanha, Itália e Grécia, que enfrentam verões recordes, seca extrema e incêndios devastadores. Por outro lado, países nórdicos como Suécia e Noruega estão promovendo as chamadas “coolcations”, um novo tipo de férias focado em climas mais amenos.
Até recentemente, a combinação de sol e mar impulsionava o turismo em países do Mediterrâneo, como Espanha, Grécia e Itália, que continuam a ser destinos desejados por milhões de turistas todos os anos. De acordo com a Comissão Europeia de Viagens (ETC), mais de 300 milhões de viajantes escolheram o sul da Europa para passar as férias em 2023. Contudo, o aumento extremo das temperaturas está tornando essas regiões cada vez mais inóspitas durante os meses de verão.
Diante desse cenário, destinos mais frescos como Suécia, Noruega e Finlândia começam a apostar no marketing das “coolcations” — uma combinação das palavras inglesas cool (fresco) e vacation (férias). A Suécia, por exemplo, já se posiciona como um refúgio do calor, afirmando que “acabaram-se os dias de buscas incessantes pelo sol escaldante”. A Noruega segue a mesma linha, convidando turistas a “fugir do sol escaldante e do calor intenso”. A estratégia visa atrair viajantes preocupados com os efeitos do calor extremo nas tradicionais regiões de férias.
Estudos, como o realizado pela Comissão Europeia, indicam que o turismo nas regiões centrais e do norte da Europa deve crescer nos próximos anos, enquanto a demanda pelo sul tende a cair. As maiores perdas são previstas para Grécia, Espanha e Portugal. No entanto, mesmo com o aumento da visibilidade e a campanha de marketing intensa dos países nórdicos, ainda não há provas concretas de que o comportamento dos turistas esteja mudando significativamente. A Alemanha, por exemplo, um dos maiores mercados emissores de turistas na Europa, não apresenta sinais claros de que os destinos mais frios estejam substituindo os tradicionais destinos quentes.
Apesar do aumento do número de turistas no norte da Europa, o sul ainda domina. O estudo da ETC revela que, em 2023, pouco mais de 80 milhões de viajantes escolheram destinos no norte do continente, um número ainda modesto quando comparado aos mais de 300 milhões que optaram por destinos ao sul. Enquanto o conceito de “coolcation” pode estar ganhando tração, ele ainda está longe de substituir o fascínio por sol e praias.
Consequências preocupantes para o futuro
Os efeitos das mudanças climáticas não se limitam ao turismo. A Agência Europeia do Meio Ambiente (EEA) adverte que os países europeus estão subestimando os riscos climáticos, que incluem inundações, ondas de calor mortais e incêndios florestais. Segundo a EEA, a Europa, que já está aquecendo em uma taxa duas vezes superior à média global, enfrenta cenários preocupantes se não forem implementadas medidas urgentes. O relatório destaca que as perdas econômicas associadas a desastres climáticos podem ultrapassar 1 trilhão de euros anuais até o final do século, superando os 650 bilhões já perdidos de 1980 a 2022.
Além dos danos econômicos, há também uma crescente preocupação com a saúde pública. O aquecimento do clima europeu já permite que mosquitos transmissores de doenças tropicais, como dengue e chikungunya, se proliferem na região. Isso é particularmente alarmante para o sul da Europa, onde surtos dessas doenças foram registrados nos últimos anos.