Indústria farmacêutica europeia enfrenta ameaça de tarifas dos EUA e revê estratégias globais

28 de abril de 2025 4 minutos
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A indústria farmacêutica europeia, responsável por 2,7% do PIB da União Europeia e geradora de mais de 865 mil empregos, está sob pressão diante da ameaça de tarifas por parte dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou, em abril de 2025, a abertura de uma investigação sob a Seção 232 do Trade Expansion Act, visando impor tarifas sobre produtos farmacêuticos importados da Europa. Embora o setor tenha sido inicialmente isento das tarifas gerais, a possibilidade de medidas específicas tem gerado preocupações significativas.

Grandes farmacêuticas europeias estão adotando medidas para mitigar os possíveis impactos das tarifas. A AstraZeneca, por exemplo, anunciou a transferência de parte de sua produção da Europa para os Estados Unidos, visando contornar as possíveis barreiras comerciais. A empresa já possui 11 unidades de produção nos EUA e planeja expandir ainda mais sua presença no país.​

Outras empresas, como Roche e Novartis, também estão aumentando seus investimentos nos Estados Unidos. A Roche anunciou um investimento de US$ 50 bilhões em manufatura nos EUA nos próximos cinco anos, enquanto a Novartis planeja investir US$ 23 bilhões no país.

Apelos por mudanças na política europeia

Líderes da indústria farmacêutica europeia estão pressionando a União Europeia por reformas que tornem o ambiente mais favorável à inovação e competitividade. Em uma carta ao Financial Times, os CEOs da Novartis e da Sanofi solicitaram que a Comissão Europeia estabeleça metas de gastos com medicamentos e vacinas que recompensem adequadamente a inovação. Eles argumentam que os preços mais baixos na UE desincentivam o crescimento do setor e a inovação.

O CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, também instou a Europa a aumentar os investimentos em medicamentos inovadores para manter a “soberania da saúde” e evitar ficar atrás dos Estados Unidos em desenvolvimento farmacêutico. Ele destacou que a Europa aloca uma parcela significativamente menor de seu PIB para novos medicamentos em comparação com os EUA, o que desencoraja investimentos em pesquisa, desenvolvimento e manufatura na região.​

A imposição de tarifas sobre produtos farmacêuticos europeus pelos Estados Unidos poderia ter efeitos significativos. Os EUA são o principal destino das exportações farmacêuticas da UE, representando 38% das vendas totais. A aplicação de tarifas poderia aumentar os custos e afetar a disponibilidade de medicamentos nos EUA, além de impactar negativamente as empresas europeias.

Além disso, há preocupações de que as tarifas possam acelerar a transferência de investimentos e operações de pesquisa e desenvolvimento da Europa para os Estados Unidos. A Federação Europeia das Indústrias e Associações Farmacêuticas (EFPIA) alertou que, sem mudanças rápidas e radicais na política europeia, a pesquisa, desenvolvimento e manufatura farmacêutica estão cada vez mais propensas a serem direcionadas para os EUA.​

Perspectivas futuras

A indústria farmacêutica europeia enfrenta um momento crítico, com a necessidade de equilibrar a resposta às ameaças externas e a implementação de reformas internas para manter sua competitividade global. As decisões tomadas nos próximos meses serão determinantes para o futuro do setor na Europa.​

A União Europeia está em diálogo com líderes da indústria para formular uma resposta às ameaças tarifárias dos EUA. Enquanto isso, empresas europeias continuam a ajustar suas estratégias globais, buscando mitigar riscos e aproveitar oportunidades em um cenário comercial em rápida evolução.​

A capacidade da Europa de manter sua posição de liderança na indústria farmacêutica dependerá de sua habilidade em adaptar-se às novas realidades do comércio internacional e em promover um ambiente que favoreça a inovação e o investimento.

 

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