Ao aproveitar calor dos vulcões, Islândia vai plantar até bananas

Projeto orçado em US$ 37 milhões prevê a criação de um domo gigantesco na região central da capital do país, que servirá como refúgio nos meses de frio - e como estufa para cultivar frutas tropicais

08 de maio de 2019 4 minutos
Europeanway

Com nove meses de duração, em média, o inverno costuma ser longo na Islândia, o que contribui para um alto uso de antidepressivos e limita as possibilidades da agricultura. Mas os islandes também têm bastante espaço livre e, mais importante, muito calor vulcânico armazenado no subsolo.

Pois uma islandesa criou um plano ousado para estimular o turismo e tornar a vida dos habitantes do país um pouco mais agradável: biomassas aquecidas para cultivar alimentos exóticos e proporcionar conforto. Hjordis Sigurdardottir, arquiteta e presidente da Spor í sandinn, quer aproveitar toda essa energia geotérmica e construir três cúpulas, com a maior medindo quase o mesmo que um campo de futebol de comprimento e abrangendo seis andares acima e abaixo do solo.

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"Não estamos conscientes o suficiente das riquezas que possuímos e das possibilidades que acarretam", disse Sigurdardottir, de 49 anos, em entrevista recente. "Podemos fazer muito mais com essa energia."

O projeto de US$ 37 milhões já conta com poderosos patrocinadores, embora ainda não esteja totalmente financiado. Os financiadores incluem um dos maiores bancos da Islândia, o Arion, e a empresa de arquitetura WilkinsonEyre, que projetou os Jardins da Baía, em Cingapura.

Inspiradas nas esferas na sede da Amazon, em Seattle, nos Estados Unidos, as cúpulas de vidro serão usadas para cultivar bananas e outros alimentos tropicais e recriar um resort de lazer mediterrâneo perto do Ártico.

O projeto, batizado de ALDIN, será desenvolvido em um parque de Reykjavík, a capital, e ocupará uma área de 4,5 mil metros quadrados. A inauguração está prevista para 2021. Serão três áreas com diferentes climas e finalidades. A menor, chamada de laboratório da fazenda, será aberta ao público e contará com um mercado, espaços de aprendizagem e um restaurante. As outras duas serão usadas como resorts tropicais e mediterrâneos, adaptados para receber reuniões de negócios e eventos.

Sigurdardottir está convencida de que o projeto será lucrativo. Caso se concretize, ele também pode ajudar a revitalizar o setor de turismo do país, cujo status de galinha dos ovos de ouro do país foi recentemente afetado pelo colapso da companhia área islandesa WOW Air.

O plano de negócios prevê atrair entre 300 mil e 400 mil visitantes por ano, segundo Sigurdardottir. Para efeito de comparação, a atração turística mais famosa da Islândia, a Lagoa Azul, atrai 1,3 milhão de visitantes por ano.

O projeto está em fase final de obtenção de licenças das autoridades municipais e usará energia já disponível no local. Metade do financiamento é garantido por um empréstimo, com US$ 18 milhões em participações a serem captados em duas rodadas. "Minha paixão é ver isso se tornar uma infraestrutura moderna das cidades do futuro", diz a arquiteta, "um refúgio das selvas de concreto em que vivemos."

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