Dois gigantes financeiros da Escandinávia decidiram reavaliar os investimentos que fazem na Vale depois da tragédia ocorrida em Brumadinho (MG) na última sexta-feira (25/1). A análise está sendo feita pelo fundo soberano da Noruega, o maior do gênero no mundo, e pelo fundo de pensão público AP Funds, da Suécia. Somados, eles têm US$ 600 milhões aplicados na mineradora.
Nesta segunda-feira (28/1), o conselho de ética do fundo norueguês, que administra US$ 1 trilhão em recursos do governo do país no exterior, informou que está analisando o impacto, para a Vale, do rompimento da barragem na cidade mineira. O conselho de ética determina quais investimentos devem ser excluídos da carteira do fundo soberano.
"É óbvio que consideramos casos como este", disse Eli Ane Lund, chefe do secretariado do conselho de ética do fundo da Noruega, segundo registro da agência Bloomberg. "Acidentes podem acontecer com todos. Mas há o fato de que este é o segundo acidente muito grave desse tipo que afeta essa empresa."
Segundo ela, qualquer processo desse tipo na Noruega levaria tempo e envolveria o diálogo com a empresa. "Precisamos descobrir o que aconteceu e por quê, e especialmente o que está sendo feito para garantir que coisas assim não aconteçam novamente", afirmou. O fundo soberano da Noruega tinha US$ 543 milhões em ações da Vale e US$ 51 milhões em títulos no fim de 2017, de acordo com os dados mais recentes disponíveis no site do Norges Bank Investment Management.
O anúncio ocorreu depois de AP Funds revelar, no fim de semana, que deveria recomendar a exclusão da Vale da carteira de investimentos da fundação. John Howchin, chefe do conselho de ética do fundo, disse ao jornal sueco Dagens Nyheter que provavelmente recomendaria a exclusão da companhia. Documentos públicos informam que o fundo detinha 407 milhões de coroas suecas (US$ 45 milhões) em ações da Vale no fim de junho.
A barragem de rejeitos de mineração rompeu-se na última sexta-feira, em um caso que está sendo investigado pelas autoridades. Até esta terça-feira, já haviam sido confirmadas 65 mortes. Há ainda 279 pessoas desaparecidas.
(Foto: Lucas Hallel/Ascom Funai)