No último domingo, os moradores de Siglufjörður, no norte da Islândia, celebraram mais uma vez um fenômeno tão simples quanto vital: o retorno do sol. O 27 de janeiro é tradicionalmente a data do Sólarkaffi, quando a luz solar é vista pela primeira vez no ano na cidade.
O nome do festival significa, literalmente, "café do sol". Na data, panquecas e tortas são servidas, e os estudantes cantam canções tradicionais nos degraus da igreja da cidade. Foram 74 dias na escuridão, desde que o sol desapareceu atrás das montanhas, em 15 de novembro, de acordo com o registro do Iceland Monitor.
Durante o inverno, por causa da inclinação do planeta em relação ao sol, os dias mais curtos fazem parte da rotina de países como a Islândia, no extremo norte do planeta. Mas a escuridão não é igual em todos os locais. Na capital, Reykjavík, por exemplo, a luz do sol aparece por pouco mais de quatro horas no auge do inverno. Mas, para a pequena cidade pesqueira de Siglufjörður, de 1.300 habitantes, nem isso é possível: não só ela está mais ao norte como está cercada por montanhas, o que impede o sol de aparecer durante mais de dois meses.
A escuridão, aliás, é também um elemento-chave de outro cartão de visitas local: a série de sucesso Dark Iceland, do escritor Ragnar Jónasson, que tem a investigação de assassinatos como ponto central. "Para mim, é interessante tentar incorporar a cidade às histórias como um de seus principais personagens, por assim dizer", escreveu Jónasson no jornal The Irish Times. "A cidade me inspirou muito a escrever os livros e, de uma certa maneira, eu senti que poderia dar algo em troca."
Como se vê, da escuridão também nasce arte – além, é claro, de um festival para celebrar a volta do sol.
(Foto: Sigló Hótel)