Depois de Dinamarca e Rússia, agora o Canadá entrou em uma disputa pelo controle de vastas áreas do leito marinho do Ártico, incluindo o Polo Norte, um imbróglio que pode gerar uma briga por fronteiras no futuro. Russos e dinamarqueses já reivindicavam esses territórios, e agora os canadenses apresentaram a documentação para requerer o domínio.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar dá aos Estados costeiros o controle de 200 milhas náuticas, a partir da plataforma continental, o que permite aos países explorar recursos no fundo do mar e no subsolo de suas respectivas áreas. A convenção permite que as plataformas continentais sejam estendidas se um país tiver dados científicos para provar que características geológicas ou geográficas subaquáticas específicas são realmente extensões de suas plataformas continentais.
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Na semana passada, o Canadá enviou 1,2 mil páginas de evidências científicas para provar que sua plataforma continental das ilhas do Alto Ártico se estende além das 200 milhas náuticas da costa. Os documentos afirmam que a plataforma continental também inclui uma seção do fundo do mar que se estende do topo da Ilha Ellesmere ao longo de uma cadeia submarina até o polo e mais de 200 quilômetros.
Até agora, de acordo com a lei internacional atual, nenhum país tem o controle do Polo Norte ou da região do Oceano Ártico que o rodeia. No entanto, os dinamarqueses dizem que a cordilheira está associada à Groenlândia – que está subordinada ao Reino da Dinamarca – e que, portanto, esta área é deles até as águas territoriais russas. A Rússia, por sua vez, sustenta que todo o fundo do mar ao longo da cordilheira de sua costa até logo após o polo pertence a ela.
A Dinamarca tem se manifestado formalmente pelo domínio da área ao menos desde 2011, quando o governo começou a detalhar seu plano de ação. E a previsão é que a disputa ainda vá se arrastar por mais alguns anos, já que a Comissão da ONU sobre os Limites da Plataforma Continental precisará revisar os estudos científicos apresentados pelos três países.
O domínio sobre a área é estratégico. Acredita-se que a região concentre cerca de 25% das reservas globais ainda não descobertas de gás e petróleo. Os recursos naturais do Ártico têm se tornado mais acessíveis com o derretimento do gelo causado pelo aquecimento global. Além disso, o derretimento do gelo viabiliza novas rotas comerciais para navios e locais de pesca.