Aquecimento global eleva mortalidade por calor na Europa

14 de maio de 2024 3 minutos
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As mudanças climáticas ameaçam anular décadas de progresso na saúde pública na Europa, segundo o relatório “The Lancet Countdown in Europe 2024”, divulgado nesta segunda-feira (13). O estudo destaca um aumento alarmante de 9% nas mortes relacionadas ao calor entre 1990 e 2022. Em regiões do sul do continente, como a Itália, esse crescimento pode chegar a 11%, com um aumento impressionante de 41% no número de dias de calor extremo.

A pesquisa da revista científica The Lancet, que monitora a saúde e as mudanças climáticas no continente, também revelou que cerca de 60 milhões de europeus enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave. Para 11,9 milhões dessas pessoas, a causa está diretamente ligada ao aumento dos dias de calor e de seca.

Além das preocupações com a saúde, as perdas econômicas devido a eventos climáticos extremos foram significativas, estimadas em 18,7 bilhões de euros, o que representa 0,08% do PIB europeu. A revista alerta ainda para o aumento de doenças sensíveis ao clima, como dengue, chikungunya, leishmaniose e malária, destacando a necessidade urgente de políticas de saúde pública e medidas ambientais mais robustas.

“As mudanças climáticas estão aqui, na Europa, e matam. No entanto, levando em conta os dados que surgiram, as políticas para sistemas energéticos com emissões zero permanecem tristemente inadequadas e a tendência atual estima que este objetivo na Europa só será alcançado até 2100. São necessárias ações urgentes para proteger a saúde das alterações climáticas”, afirmaram os pesquisadores.

Em 2021, o uso de carvão na Europa subiu para 13% do fornecimento total de energia, comparado a 12% em 2020. Além disso, 29 dos 53 países da região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda subsidiam combustíveis fósseis, exacerbando os problemas climáticos.

“As mudanças já estão causando danos à vida e à saúde das pessoas em toda a Europa. O nosso relatório fornece provas da situação alarmante do aumento dos impactos na saúde relacionados ao clima no continente, incluindo a mortalidade relacionada ao calor, doenças infecciosas emergentes e insegurança alimentar e hídrica”, disse Rachel Lowe, diretora do Lancet Countdown.

A Europa, o continente que mais rapidamente se aquece, sofre um aumento de temperatura aproximadamente duas vezes mais rápido que a média global. Isso se deve, em parte, à melhora da qualidade do ar, resultando em menos partículas na atmosfera que refletem a luz solar, contribuindo assim para o aquecimento. Em contrapartida, o uso de fontes de energia renovável na Europa atingiu níveis recordes em 2023, representando 43% da geração de eletricidade, impulsionada por tempestades sazonais que favoreceram a produção eólica e hidrelétrica.

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