A Espanha enfrenta uma crise habitacional que tem levado trabalhadores a buscar alternativas de moradia, como os hotéis-cápsula. Originários do Japão, esses estabelecimentos oferecem espaços mínimos a preços mais acessíveis, tornando-se uma opção viável em cidades com aluguéis elevados, como Madri e Barcelona.
O mercado imobiliário espanhol enfrenta uma crescente demanda por moradias acessíveis, enquanto a oferta de aluguel permanece limitada. Em Madri, o custo médio de um aluguel ultrapassa mil euros por mês, representando um aumento de 16% apenas no último ano. Em Barcelona, a situação é semelhante, com o preço médio de aluguel de apartamentos compactos também em alta, exacerbado por fatores como o turismo massivo e a falta de regulação no mercado imobiliário.
Os hotéis-cápsula surgem como uma solução transitória. Com diárias que variam entre 20 e 30 euros, oferecem um espaço básico, geralmente com menos de três metros quadrados, equipado apenas com uma cama e iluminação funcional. Para muitos trabalhadores, essa é a única opção economicamente viável enquanto buscam alternativas no mercado tradicional de moradia.
Atualmente, Madri conta com mais de seis hostels que oferecem alojamento em cápsulas, evidenciando uma tendência crescente nesse setor, especialmente no centro da cidade.
Embora sejam financeiramente acessíveis, sua funcionalidade é limitada. Essas estruturas foram projetadas para estadias curtas e turistas de passagem, não para longos períodos de habitação. A falta de privacidade e conforto é evidente, e os espaços comunitários, como banheiros e áreas de convivência, são compartilhados, o que pode gerar desconforto para moradores habituados a um padrão de vida mais convencional.
Além disso, há barreiras legais que limitam o uso dos hotéis-cápsula como moradia permanente. Muitos desses estabelecimentos possuem licenças apenas para uso turístico, o que significa que não podem formalizar contratos de aluguel de longa duração. Isso gera um limbo jurídico para moradores que dependem dessas acomodações.
Economistas destacam que a popularização de soluções temporárias como os hotéis-cápsula evidencia uma falha estrutural no mercado imobiliário espanhol. A escassez de políticas públicas efetivas para aumentar a oferta de habitação a preços acessíveis tem contribuído para a exclusão de trabalhadores de renda média e baixa dos grandes centros urbanos.