Articulações políticas para o segundo turno avançam na França

01 de julho de 2024 3 minutos
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Em ambiente de verdadeira corrida contra o relógio, um amplo movimento de união entre as forças de esquerda e de centro se articula na França para tentar impedir o avanço da extrema direita no segundo turno das eleições legislativas que se realizam no próximo domingo.

A Reunião Nacional (RN), partido liderado por Marine Le Pen, destacou-se no primeiro turno das eleições parlamentares francesas no domingo 30 de junho, conquistando 33,15% dos votos (39 deputados), deixando a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) em segundo lugar com 27,99% (32 deputados) e a aliança de centro Juntos, que apoia o presidente Emmanuel Macron, em terceiro, com 20,76% (apenas duas cadeiras conquistadas).

Isso fez soar o alarme para o centro e para a esquerda, que pretendem impedir que o RN conquiste a maioria absoluta de 289 assentos, fato que poderia levar o grupo de Marine Le Pen a garantir a indicação de um novo primeiro-ministro.

A Assembleia Nacional é constituída por 577 deputados e o primeiro turno elege apenas uma parcela limitada de nomes, sendo o segundo turno responsável pelo maior contingente de candidatos vitoriosos. É por isso que a estratégia de união entre esquerda e centro têm chances reais de prevalecer no segundo turno e assim neutralizar parte do sucesso da RN obtido no primeiro turno.

Esse esforço conjunto se materializa numa espécie de “Frente Republicana”, que já levou a desistência de cerca de dois terços dos candidatos (218 nomes) tanto do centro como da esquerda considerados com poucas chances de vitória no segundo turno, segundo cálculo do jornal francês Le Monde. Em outras palavras, eleitores da FNP e do Juntos poderiam concentrar votos em candidatos de melhor potencial, conseguindo assim a maioria na Assembleia Nacional.

Tais articulações costuradas em ritmo acelerado são resultado direto de projeções que se seguiram à divulgação dos resultados do primeiro turno. Elas  indicavam que com o o segundo turno o RN poderia garantir entre 230 e 280 assentos dos 577 assentos do legislativo francês (um aumento significativo em relação aos 88 assentos da bancada obtida no parlamento anterior).

Segundo aquelas estimativas, o NFP poderia assegurar entre 125 e 165 assentos, enquanto o Juntos, de Macron, ficaria com um número entre 70 e 100 assentos.

A vitória do RN no primeiro turno é vista como um ganho histórico para o partido de extrema direita, e celebrada por outros governos de alinhamento político semelhantes, como Itália e Hungria. E agrada também a Rússia, porque as forças políticas de extrema direita do continente, embora tenham deixado de lado um discurso mais crítico em relação a União Europeia (depois dos maus resultados para o Reino Unido de sua saída do bloco) não escondem a falta de interesse numa ampliação da integração dos países de um bloco do qual eles continuam a fazer parte.

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