A nova lei antidesmatamento da União Europeia (UE), prestes a entrar em vigor, promete transformar o mercado europeu e potencialmente salvar florestas ao redor do mundo. O Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR), aprovado em 2023, exigirá que empresas provem que seus produtos não são provenientes de terras desmatadas após 2020. Essa mudança ambiciosa visa reduzir as emissões agrícolas e a perda de biodiversidade, combatendo um dos maiores responsáveis pela degradação ambiental global.
A EUDR abrange uma ampla gama de commodities que têm sido associadas ao desmatamento, incluindo gado, cacau, café, óleo de palma, borracha, soja e madeira, além de produtos derivados como chocolate, móveis e papel. Com a nova regulamentação, espera-se que as prateleiras dos supermercados europeus sejam abastecidas com produtos livres de desmatamento, o que pode influenciar positivamente a preservação de florestas em diversas partes do mundo.
Apesar do potencial positivo, a lei enfrenta resistência significativa, especialmente dos Estados Unidos, que recentemente solicitaram o adiamento da implementação, alegando prejuízos para produtores que não conseguirem cumprir os requisitos. Outros países, incluindo alguns membros da própria UE, expressaram preocupações sobre a carga administrativa imposta aos agricultores.
As florestas desempenham um papel crucial na manutenção da vida na Terra, abrigando mais de 80% das espécies terrestres e atuando como grandes sumidouros de carbono. O desmatamento, no entanto, libera grandes quantidades de CO2 na atmosfera, agravando as mudanças climáticas. Estima-se que o consumo europeu tenha sido responsável por cerca de 10% do desmatamento global nas últimas décadas, tornando a nova lei da UE um passo vital para reduzir essa pegada.
A agricultura é responsável por cerca de 90% do desmatamento global. Commodities como óleo de palma, soja, madeira, gado, café e cacau são os maiores vilões, substituindo vastas áreas florestais por plantações e pastagens. A UE, sendo o segundo maior mercado para esses produtos, pode causar um impacto significativo ao impor regras mais rígidas sobre a origem das mercadorias.
Embora a regulamentação seja complexa e as cadeias de suprimentos difíceis de rastrear, novas tecnologias estão emergindo para facilitar esse processo. A UE está investindo em programas para ajudar pequenos agricultores a se adaptarem à nova lei, o que pode, inclusive, fortalecer sua posição na cadeia de valor.