Startups: o que falta para a Noruega dar origem a seu primeiro "unicórnio"?

Com o forte crescimento norueguês em inovação e tecnologia nos últimos anos, os especialistas especulam agora sobre quando surgirá no país uma startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão

17 de julho de 2019 4 minutos
Europeanway

Com uma economia em que se destacam indústrias como as de óleo e gás e a pesqueira e exibindo um dos mais altos padrões de vida do mundo, a Noruega ganhou projeção nos últimos anos também como um novo celeiro de startups. Essa ascensão não foi casual: o governo norueguês tem investido para fortalecer a indústria de tecnologia do país, em um movimento que faz parte dos esforços de reduzir a dependência que a economia norueguesa ainda tem de poucos segmentos tradicionais.

Os números mostram que a estratégia tem funcionado. Os investimentos em startups cresceram 76,3% no primeiro semestre do ano passado, e 30 novas "scale-ups" (empresas novas e de crescimento acelerado) entraram no radar desde o último mês de setembro. Agora que seu ecossistema inovador está mais estabelecido, empreendedores, autoridades e estudiosos do tema têm levantado a questão: será que a Noruega algum dia terá seu próprio unicórnio (startup de tecnologia fundada depois de 2000 e avaliada em mais de US $ 1 bilhão)?

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Em artigo para a Forbes, Kjartan Rist, um dos fundadores da empresa de investimentos Concentric, mostra que o país tem potencial para isso. Entre os pontos fortes estão um ambiente de negócios estável, uma força de trabalho altamente instruída e elevados padrões de vida. Esses fatores "significam que o país tem a infraestrutura para dar suporte a negócios incipientes e atrair o talento necessário para criar e administrar [essas empresas]", diz Rist.

Ele também coloca entre os pontos favoráveis o fato de a sociedade norueguesa ter a cultura da tecnologia, com especial destaque em saúde e governo, além de uma reconhecida liderança global na adoção de veículos elétricos e de ter uma estratégia nacional de inteligência artificial, anunciada pelo governo recentemente. Essa disposição para abraçar as novidades também pode ser uma pista de que o surgimento de um unicórnio norueguês pode ser questão de tempo, afirma o especialista.

Mas, segundo ele, o país ainda precisa evoluir em três itens: disseminação dos investimentos privados (há poucos fundos especializados em financiar startups promissoras), apoio do poder público com iniciativas como simplificação do sistema tributário para empreendedores e aumento das compras governamentais e mais foco dos empreendedores em setores em que o país já é forte, o que ajudaria a dar escala a esses novos negócios.

De qualquer forma, a Noruega já tem algumas candidatas a ser o primeiro unicórnio local. Uma das estrelas é a Kahoot, uma plataforma de aprendizagem baseada em jogos, atualmente avaliada em € 300 milhões. A lista inclui ainda o software de simulação de projeto e construção SpaceMaker, avaliado entre US$ 100 e US$ 150 milhões, e a Xeneta, uma plataforma de inteligência de mercado de frete marítimo, que até agora levantou € 28,7 milhões.

"É claro que dar origem a um unicórnio não é um fim em si" para o setor de inovação norueguês, ressalva Rist. "Mas essa não deixa de ser também uma boa meta." 

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