Para proteger paraíso natural, Noruega rejeita perfurar poço bilionário de petróleo

Ilhas Lofoten, no Ártico, podem abrigar até 3 bilhões de barris de óleo; ao recusar a exploração, o maior partido do Parlamento norueguês praticamente inviabilizou de vez a ideia

16 de abril de 2019 4 minutos
Europeanway

O Partido Trabalhista, o maior do Parlamento norueguês, chocou a indústria petrolífera do país ao retirar o apoio à perfuração exploratória das ilhas Lofoten (foto), no Ártico, consideradas uma maravilha natural. O anúncio foi recebido com surpresa porque a legenda tem longo histórico de apoio às iniciativas do setor. A decisão foi revelada no último dia 6/4.

A posição tomada pelos trabalhistas torna a produção de petróleo na área ainda mais improvável do que já é e adiciona incerteza sobre quanto apoio a indústria pode esperar dos políticos noruegueses no futuro. Hoje, a Noruega, um dos 20 maiores produtores de petróleo do mundo, extrai mais de 1,6 milhão de barris de petróleo por dia.

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Ao rejeitar a operação nas ilhas Lofoten, o Partido Trabalhista, de oposição ao governo, cria uma grande maioria parlamentar contra a exploração de petróleo na área costeira. A decisão da legenda ilustra a crescente oposição ao combustível que fez do país um dos mais ricos do mundo.

Acredita-se que exista de 1 a 3 bilhões de barris de petróleo abaixo do fundo do mar no arquipélago de Lofoten. A maior produtora de petróleo da Noruega, a estatal Equinor, afirma que o acesso ao fornecimento de petróleo nas ilhas é essencial para o país manter seus níveis atuais de produção. 

A área vem sendo blindada há anos pelo governo por meio de vários acordos políticos. "Toda a indústria está surpresa e decepcionada", disse à agência Bloomberg o presidente da Associação Norueguesa de Petróleo e Gás, Karl Eirik Schjott-Pedersen.

A decisão do Partido Trabalhista, anunciada por seu líder, Jonas Gahr Store, expõe uma brecha na legenda. Enquanto a liderança tenta refletir as crescentes preocupações ambientais da população, o partido também quer acomodar os interesses dos sindicatos de trabalhadores da indústria petrolífera, seus principais apoiadores. Store confirmou, porém, que o partido continuará a apoiar a indústria petrolífera, mas também disse que quer que as empresas do segmento se comprometam com um prazo para tornar todas as operações livres de emissões.

A medida surgiu logo depois que o governo da Noruega deu sinal verde na última sexta-feira para que o fundo soberano que administra cerca de US$ 1 trilhão em riquezas geradas pelo petróleo invista em projetos de energia renovável não-listados nos mercados de ações. A expectativa é que bilhões de dólares sejam direcionados para projetos de energia eólica e solar.

No mês passado, o fundo soberano norueguês já havia informado que iria se desfazer de seus investimentos em 134 companhias que exploram petróleo e gás, mas que reteria participações em grandes empresas petrolíferas, incluindo BP e Shell, que possuem divisões de energia renovável.

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