Quem é Greta Thunberg, a adolescente sueca que virou símbolo de luta contra o aquecimento global

Aos 16 anos, a jovem tem liderado greves de estudantes em vários países com a mensagem "para que ir à aula se não temos futuro?"

25 de fevereiro de 2019 6 minutos
Europeanway

Aos 16 anos, Greta Thunberg já é símbolo internacional de luta contra o aquecimento global. Na última sexta-feira (22/2), ela foi recebida pelo presidente francês Emmanuel Macron na residência oficial do mandatário, o Palais de l'Élysée, um dia depois de ser ouvida por líderanças políticas e econômicas em Bruxelas, na Bélgica, onde fica a sede da União Europeia. Os encontros foram novos capítulos da trajetória de ativismo iniciada em 2018 – e que só faz crescer desde então.

Tudo começou em agosto, quando a adolescente decidiu não ir às aulas um dia por semana para protestar contra o aquecimento global em frente ao Riksdag, o parlamento sueco. Desde então, ela pode ser encontrada no mesmo lugar todas as sextas-feiras, armada com o cartaz que traz, em sueco, a frase "Greve da escola pelo clima". Depois de várias semanas protestando sozinha, muitos outros jovens suecos juntaram-se a ela. Famosa, Greta fala com quem passa pelo local sobre as últimas conclusões do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) e responde a perguntas de jornalistas de todo o mundo. Seu objetivo? Alertar a população do planeta sobre a emergência climática.

A adolescente discursou em dezembro na COP24, a Conferência das Nações Unidas realizada em Katowice, na Polônia. O mesmo tom solene do discurso em solo polonês marcou seu encontro com Macron e as autoridades em Bruxelas. “Para que ir à aula se não teremos futuro?”, pergunta ela. Greta tornou-se inspiração para milhares de estudantes em diversos países do mundo.

Por onde passa, a jovem é recebida como uma pop star por multidões de adolescentes, como registra a Rádio França Internacional. "Caro Sr. Macron, você precisa agir agora e não apenas dizer que vai agir", disse ela em um vídeo divulgado logo depois de seu encontro com o presidente francês. "Se você continuar a agir como se nada estivesse acontecendo, você irá falhar, e se você falhar, será visto como um dos piores vilões da história da humanidade."

Nascida em janeiro de 2003, a estudante figura entre os 25 adolescentes mais influentes do mundo, segundo a revista americana Time. Diagnosticada com autismo do tipo Asperger aos 11 anos de idade, Greta é uma adolescente como as outras, mas também gosta de reiterar o que ela tem de diferente. "Se eu não fosse tão esquisita, ficaria presa nesse jogo social que todo mundo parece apreciar", disse ela em entrevista a uma emissora de televisão sueca.

E foi justamente uma depressão, aos 11 anos, que levou a garota a decidir agir. “Perdi dez quilos em dois meses. Estava tão triste, fiquei marcada pelas imagens dos ursos polares famintos, dos degelos nas calotas polares. Decidi que precisava fazer algo a respeito. Permanecer em depressão seria inútil e egoísta”, afirmou ao jornal The New York Times.

Sua consciência ambiental a levou a convencer seus pais e sua irmã mais nova a mudarem seu estilo de vida. Sua mãe, Malena Ernman, uma cantora de ópera de fama internacional, desistiu de utilizar aviões nas viagens para suas apresentações, e seu pai, Svante, comprou um carro elétrico Tesla. Hoje, toda a família diminuiu radicalmente o consumo de carne. Greta foi mais longe e tornou-se vegana.

Lição de casa em dia
Apesar de tudo, a menina segue sendo estudiosa e aplicada: ela continua a fazer sua lição de casa, mesmo nas suas greves. Mas, segundo disse ao NYT, a mudança nem sempre foi fácil de administrar. "Durante toda a minha vida eu fui a garota invisível lá no fundo, que não dizia nada. Da noite para o dia, as pessoas passaram a me ouvir. É difícil", afirma. Ainda assim, ela diz estar "muito feliz em fazer isso".

Sua repentina notoriedade não veio sem consequências. A adolescente enfrenta seus detratores nas redes sociais. Trolls e céticos do clima, que não acreditam nas evidências do aquecimento global, dizem ou que a adolescente sofreu lavagem cerebral de seus pais ricos e famosos ou é uma porta-voz treinada por um grupo político. Além disso, algumas autoridades suecas já criticaram sua decisão de não ir à escola nas sextas-feiras.

A garota decidiu responder as críticas em uma longa mensagem no Facebook, postada no dia 2 de fevereiro. Ela defende que seu engajamento é genuíno. "Sou apenas uma mensageira e, ainda assim, sinto todo esse ódio", escreveu ."Não estou dizendo nada de novo, só estou falando o que os cientistas vêm revelando há décadas. E concordo com a crítica de que eu sou jovem demais para fazer isso.”

Mas a jovem sueca continua sua luta. Em seu discurso para uma plateia de chefes de Estado e líderes de grandes empresas no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, no fim de janeiro, ela falou sem freios: "Eu quero que vocês sintam o medo que eu sinto. E então eu quero que vocês ajam, como se estivessem em uma crise, como se a casa estivesse em chamas – porque é o caso".

O próximo compromisso de Greta Thunberg está marcado para 15 de março, quando haverá uma greve internacional de estudantes em defesa do clima. Recentemente, ela recebeu uma mensagem pelo Twitter de ninguém menos que Arnold Schwarzenegger. O ex-governador da Califórnia a convidou para ir a Viena, sua terra natal, para a Cúpula Mundial da Áustria. "Conte comigo. Hasta la vista, baby", respondeu a adolescente, replicando a famosa frase de Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro 2.

Europeanway

Busca