Principal premiação do mundo, Nobel da Paz tem seis polêmicas entre ganhadores

08 de outubro de 2020 4 minutos
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Na semana em que os olhos se voltam para a Suécia por causa da nomeação dos vencedores dos prêmios Nobel, a expectativa máxima recai para o último anúncio: o da Paz. Nesta sexta-feira foi anunciado a premiação foi concedida para o Programa Mundial de Alimentos (PMA),  a maior agência das Nações Unidas, por seus esforços no combate à fome e pela necessidade de solidariedade e cooperação multilateral.

Quem recebe tal reconhecimento – pessoa, grupo de pessoas ou instituição –  é considerado um exemplo para o planeta e joga luz sobre temas e comunidades que, muitas vezes, passam esquecidas. Porém, se entre os vencedores há nomes como os de Madre Teresa, Mandela, Martin Luther King Jr. e a Anistia Internacional, há ao menos seis casos polêmicos.

O prêmio que gera mais discussão atualmente foi o concedido em 1991 à birmanesa a Aung San Suu Kyi. A “Dama de Yangun” foi agraciada pela sua resistência pró-democracia em Mianmar, mas depois que se tornou presidente do país, foi acusada pela ONU de promover “limpeza étnica” contra a minoria muçulmana rohingya. Este é o Nobel da Paz considerado mais controverso.

Antes dele, a maior polêmica não foi por ações que o agraciado tomou, mas sim por sua falta de ações. O ex-presidente americano Barack Obama recebeu a honraria em 2009, meses após assumir a Casa Branca. Ele recebeu o prêmio por suas intenções e pelo simbolismo de ser o primeiro presidente negro da maior potência militar do mundo. Após oito anos de governo, ele segue gerando polêmica: enquanto alguns acham que ele mereceu o prêmio ao promover o acordo nuclear com o Irã e incentivar o acordo climático de Paris, seus críticos lembram que ele não conseguiu encerrar as guerras que os EUA travavam no Mundo Árabe.

Outro prêmio controverso que foi entregue na década de 1990: em 1994 a distinção foi concedida a Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin, pela contribuição que o trio deu ao processo de paz entre palestinos e israelenses. Porém, um ano após a premiação, Rabin foi assassinado por um israelense e aumentaram as críticas sobre o passado de luta de Arafat. Para completar, em 2002 Peres,  então ministro de exteriores do governo de Ariel Sharon, foi acusado de brutalidade na repressão a palestinos.

Na década anterior, a polêmica foi com o homenageado de 1983, o polonês Lech Walesa. Ex-líder histórico do sindicato polonês Solidariedade, que transformou seu país, ele foi constantemente acusado de ter supostamente colaborado  com o serviço secreto soviético. O líder sempre negou as acusações e já ameaçou devolver seu prêmio.

Em alguns casos, a polêmica ocorre no momento da escolha dos vencedores. Foi assim em 1973, quando a academia sueca decidiu dar o prêmio a Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, e a Lu Duc Tho, diplomata vietnamita, pelo esforço conjunto para o cessar fogo entre as duas nações.  Dois membros do comitê se demitiram por causa da escolha, considerando o acordo entre os países efêmero. Mas o pior foi que, posteriormente,  investigação da CIA comprovou suas implicações no golpe de Estado de Augusto Pinochet, no Chile, no mesmo ano em que recebera o título.

Criado em 1901, o primeiro Nobel da Paz alvo de polêmica remonta a 1907, quando o vencedor foi o pacifista italiano Ernesto Moneta. Mesmo com o título, ele apoiou a entrada na guerra de seu país contra o Império Otomano em 1911, gerando fortes críticas.

Ou seja, embora tenha contribuído para indicar exemplos e colocar holofotes em lutas contra a desigualdade e a opressão, o Nobel da Paz não é isento de críticas. Porém, muitos acreditam que, graças a estes questionamentos, o prêmio se aperfeiçoa e avança, assim como toda a humanidade.

 

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