Pandora: joalheria dinamarquesa mira geração Z com coleção de diamantes criados em laboratório

22 de novembro de 2023 4 minutos
Europeanway

Os diamantes representavam a expressão máxima do requinte, sendo sua comercialização dominada por empresas especializadas e renomadas marcas, a exemplo de Tiffany e Cartier. Contudo, os denominados “diamantes de laboratório” estão prestes a conquistar seu espaço no mercado nacional no próximo ano, com o lançamento previsto de uma coleção da dinamarquesa Pandora, uma das maiores joalherias do mundo.

Historicamente, Pandora não desfrutou de grande destaque na categoria de diamantes, consolidando sua marca de joias – uma das maiores do mundo, com quase US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 20 bilhões) em receitas no ano passado – por meio de pulseiras com pingentes acessíveis, vendidas por menos de US$ 100 (R$ 500, em conversão direta).

Executivos e especialistas independentes do mercado de pedras preciosas ainda buscam dimensionar o potencial de expansão desse novo segmento, que mira principalmente consumidores mais jovens, como da Geração Z (nascidos entre a segunda metade dos anos1990 e o início dos anos 2010), que querem ter um diamante para usar sem ter que desembolsar uma fortuna. O interesse desse novo público por pedras preciosas é positivo para todo o mercado de joias. Não é modismo. E coleções de diamantes autênticos custam dezenas de milhares de dólares e reais.

Em agosto, a companhia com sede em Copenhague incluiu Brasil, México e Austrália na lista dos países com previsão de iniciar as vendas de coleções que usam diamantes de laboratório, ampliando a distribuição geográfica do produto, iniciada no Reino Unido, nos EUA e no Canadá.

O cronograma inicialmente divulgado estabeleceu a implementação completa nos mercados durante o primeiro trimestre. Os preços das joias das coleções a serem disponibilizadas começam em US$ 290, sem estimativa em moeda nacional até o momento.

Os diamantes sintéticos são considerados por especialistas idênticos aos diamantes extraídos, com a diferença de que são criados em laboratório, em vez de escavados em uma mina. As pedras podem ser produzidas em questão de semanas em câmara de microondas. Têm as mesmas características ópticas, químicas, térmicas e físicas e são classificados pelos mesmos padrões conhecidos como 4Cs – corte, cor, clareza e quilate.

No caso da joalheria dinamarquesa, desde agosto de 2022, as coleções Pandora Lab-Grown Diamonds são confeccionadas com diamantes cultivados em laboratório.

Mudança de atitude que veio para ficar

Tradicionalmente, as marcas de joias têm demonstrado uma relutância em abraçar a nova concorrência que surge. Mesmo quando a De Beers começou a entrar no mercado com sua submarca Lightbox em 2018, o executivo-chefe Bruce Cleaver a posicionou como “joias de moda acessíveis que podem não durar para sempre, mas são perfeitas para agora”, em um comunicado.

Embora a técnica de fabricação não seja uma descoberta recente — diamantes artificiais são usados no setor industrial desde a década de 1990 — o investimento do grupo LVMH no valor de 90 milhões de dólares na startup israelense de diamantes cultivados em laboratório Lusix mostra que esse poderá ser o caminho do mercado. Trata-se, afinal, do maior conglomerado de luxo do mundo. A previsão é que as pedras artificiais incrementem em breve em 15% as receitas do mercado joalheiro, de 85 bilhões de dólares. Este mês, Frédéric Arnault, chefe da marca e filho do CEO da LVMH, Bernard Arnault, apresentou uma nova coleção com pedras artificiais direcionada a clientes de alto poder aquisitivo, buscando testar o produto com compradores de maior poder financeiro. Para se destacar da oferta convencional da marca, a nova variedade de diamantes é de tonalidade azul.

Tornou-se uma tendência que as joalherias não podem ignorar: as vendas de pedras cultivadas em laboratório provavelmente continuarão crescendo a uma taxa percentual anual de dois dígitos nos próximos anos.

Em 2022, as vendas globais de diamante de laboratório cresceram 28%, alcançando US$ 12 bilhões. A estimativa é que esse mercado atinja US$ 18 bilhões em 2024.

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