Novo Nordisk: sucesso nas vendas de Ozempic e Wegovy impactou a sociedade e a economia da Dinamarca

28 de agosto de 2023 3 minutos
Europeanway

Desenvolvidos pela farmacêutica Novo Nordisk originalmente para o tratamento da diabetes, os medicamentos Ozempic e Wegovy viraram uma febre mundial no combate à perda de peso, levando a empresa dinamarquesa a uma completa mudança global de paradigmas.

Impulsionado por celebridades, que chegaram a falar sobre o medicamento até mesmo na cerimônia de entrega do Oscar 2023, e figuras como bilionário Elon Musk, que afirmou publicamente ter perdido cerca de 13,6 kg com o uso de Ozempic, tamanho “boom” está impactando, inclusive, a economia da Dinamarca.

Segundo reportagem do The Wall Street Journal, o sucesso dos dois remédios nos Estados Unidos fez com que as vendas para o exterior disparassem, levando a uma enxurrada de dólares para o país escandinavo. Com isso, o banco central dinamarquês se viu obrigado a manter a taxa de juros mais baixa que a do Banco Central Europeu (BCE), enfraquecendo a moeda local.

Resultado: as ações da Novo Nordisk dispararam. A empresa alcançou valor de mercado de US$ 419 bilhões, mais que o Produto Interno Bruto (soma de bens e serviços produzidos no país) de toda aquela nação, que hoje é de US$ 406 bilhões.

As vendas do grupo alcançaram 42 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 6,2 bilhões) no primeiro trimestre de 2023. A projeção de vendas para o ano foi elevada, principalmente, pelas tendências de vendas do Ozempic e Wegovy no primeiro trimestre. Agora, a companhia projeta um crescimento de 24% a 30% nas receitas e de 28% a 34% no lucro operacional, ante a previsão anterior, que era de 13% a 19% para os dois indicadores.

Empresa líder global de saúde dedicada a promover mudanças para vencer o diabetes e outras doenças crônicas graves, como a obesidade, a companhia luta para manter sua posição de destaque enquanto rivais correm para alcançá-la. A Pfizer está buscando a aprovação da FDA para um comprimido utilizado na perda de peso chamado Danuglipron, que prevê redução média de 4,6 quilos em 16 semanas de uso.

O medicamento Mounjaro da Eli Lilly, também direcionado ao tratamento de diabetes, superou as projeções de Wall Street no segundo trimestre, impulsionando as ações da empresa e intensificando o interesse dos investidores no tratamento. A farmacêutica registrou uma receita trimestral de US$ 8,3 bilhões, superando a projeção de US$ 7,6 bilhões. Os ganhos ajustados alcançaram US$ 2,11 por ação, também ultrapassando as expectativas de US$ 1,98 por ação. As vendas de Mounjaro chegaram a quase US$ 980 milhões, bem acima da estimativa de US$ 740 milhões. Os pacientes sem diabetes que usaram Mounjaro reduziram, em média, 21,1% do seu peso.

Não é de hoje que remédios para emagrecer despertam interesse da população. Mas o sucesso no uso das “canetas milagrosas” na luta contra a obesidade – que afeta globalmente cerca de 1 bilhão de pessoas – enfrenta alguns obstáculos. Recentemente, entidades médicas publicaram cartas abertas demonstrando preocupação com o uso indevido dessas drogas para fins estéticos e sem recomendação em bula. E, no lado do laboratório fabricante, Novo Nordisk, o alerta vai para uma possível escassez dos medicamentos a quem realmente precisa deles.

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