Noruega vai demolir prédio com murais de Picasso, mas salva obras

08 de março de 2020 3 minutos
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A Noruega autorizou nesta semana a demolição de um prédio na região central da capital, Oslo, depois de quase nove anos de impasse. Defensores do patrimônio histórico e arquitetônico do país ainda tentam reverter a decisão, mas ao menos uma parte dos itens que tornam o edifício valioso será salva: dois murais criados pelo mestre espanhol Pablo Picasso.

Segundo as autoridades, a demolição é necessária porque a estrutura do prédio está comprometida desde o atentado terrorista de julho de 2011, que matou oito pessoas. O governo pretende realocar ambos os murais e demolir o prédio como parte de um projeto que prevê usar o espaço para escritórios públicos.

Inaugurado em 1969, o Y-Block é considerado um dos principais representantes da arquitetura modernista no país. Picasso uniu-se ao artista norueguês Carl Nejar durante a construção para trabalhar nos desenhos dos murais ao ar livre, entre os quais se destaca O Pescador, que mostra três indivíduos sobre um barco capturando peixes. Em um artigo de 2013, a BBC informou que as obras foram “as primeiras tentativas de Picasso em murais de concreto“.

Inspiração em Niemeyer

O Y-Block foi projetado pelo arquiteto norueguês Erling Viksjø, expoente do modernismo, que se inspirou no edifício das Nações Unidas, em Nova York. A estrutura da ONU foi criada por uma equipe de arquitetos liderada pelo escritório americano Harrison & Abramovitz. Este, por sua vez, desenvolveu o projeto a partir das propostas apresentadas pelo francês Le Corbusier e o brasileiro Oscar Niemeyer.

Embora o governo da Noruega tenha prometido salvar os murais, grupos de preservação, ativistas e políticos têm criticado a decisão; esses opositores argumentam que o Y-Block é tão importante quanto as obras de Picasso. O complexo (formado também pelo H-Block, que não será demolido) chegou a entrar em processo de tombamento como patrimônio histórico, o que poderia manter o edifício de pé.

O aval para a demolição foi dado na última quarta-feira (4/3), mas ainda não há data para  o serviço. Em paralelo, um abaixo-assinado online tenta aumentar a pressão para evitar a derrubada. A petição já tem mais de 28 mil assinaturas. A meta é chegar a 35 mil.

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