Uma ousadia de US$ 40 bilhões: conheça o mais ambicioso projeto logístico da história da Noruega

Com ponte flutuante e o maior túnel submarino do mundo, obras reduzirão pela metade o tempo de viagem pelos 1100km da rodovia que atravessa a costa oeste do país

17 de janeiro de 2019 4 minutos
Europeanway

Hoje, viajar pela costa oeste da Noruega, nos 1.100 quilômetros da rodovia E39, leva 21 horas e exige sete travessias de balsa. Mas a Administração de Estradas Públicas do país quer reduzir esse tempo pela metade – e com um projeto que, ao custo estimado de US$ 40 bilhões, é considerado o mais ambicioso empreendimento logístico de que os noruegueses já tiveram notícia.

A escarpada costa oeste da Noruega abriga geleiras, cachoeiras e dezenas de fiordes que atraem multidões de turistas a cada verão. Mas deslocar-se pela acidentada topografia da região, que concentra um terço da população do país, não é fácil. 

"Este é um dos maiores projetos de infraestrutura da história do país", disse à agência pública americana NPR Kjersti Kvalheim Dunham, que está comandando a empreitada. Em termos de dificuldade, o projeto equivalente mais próximo é o da ferrovia de 490 quilômetros entre Oslo e Bergen – concluída há mais de um século.

 

O ponto central do projeto é reduzir ao máximo a necessidade de uso das balsas para o deslocamento. "A balsa é uma bela viagem, mas é mais um obstáculo do que uma boa conexão", diz Kare Martin Kleppe, prefeito de Tysnes, uma das cidades do trajeto. A dificuldade de acesso foi um dos fatores que fizeram população de Tysnes cair pela metade no século passado, para os atuais 2800 habitantes.

As pontes convencionais e os túneis não funcionam em partes da costa oeste da Noruega porque alguns dos fiordes são muito profundos. O Bjornafjorden, por exemplo, tem 550 metros de profundidade. Assim, uma das soluções será construir uma ponte suspensa – ela flutuará em pontões amarrados ao fundo do mar com cabos de aço. Para manter a estabilidade, os topos das torres serão amarrados juntos.

A solução do governo é construir uma ponte que flutuaria sobre os pontões que seriam conectados ao leito do sedimento do fiorde com âncoras de sucção. Outro fiorde, o Sulafjorden, que tem 400 metros de profundidade, apresenta um desafio semelhante. Uma solução possível é algo que ninguém nunca construiu antes: um túnel de tráfego flutuante submerso.

E essas não são as únicas dificuldades. Submarinos noruegueses fazem exercícios nos fiordes, o que cria riscos de colisão com as estruturas. Também há um receio com ações de terroristas nos túneis. Para isso, pesquisadores têm testado alguns dos potenciais materiais para a obra no Laboratório de Impacto Estrutural da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, na cidade de Trondheim. O laboratório simula os efeitos de uma explosão de bomba em espessas lajes de concreto usando ar comprimido dentro de um gigantesco tubo de aço azul.

Uma obra dessa magnitude será, claro, feita em etapas. A primeira delas, que já está em andamento, será a substituição da balsa Rogfast, no trecho sul do trajeto. Em seu lugar ficará um túnel de 26,7 quilômetros de extensão, que será não apenas o mais extenso túnel submarino do mundo como, com 392 metros abaixo da superfície do fiorde Boknafjorden, será também o mais profundo. A previsão é que todo o projeto esteja concluído em 2029.

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