Na Europa, um continente historicamente associado ao ativismo de esquerda entre os jovens, uma tendência surpreendente está emergindo: o crescimento do apoio à extrema direita, da França à Suécia e aos Países Baixos. Este fenômeno não passa despercebido, especialmente em um momento em que o ex-presidente Donald Trump busca retornar à Casa Branca e vários governos europeus parecem estar seguindo uma direção mais à direita, impulsionados pelos eleitores jovens, especialmente aqueles nos últimos anos da adolescência e início dos 20 anos.
As eleições legislativas de 2024 em Portugal revelaram um fenômeno notável: o crescente apoio dos jovens à direita política. Esta mudança reflete uma significativa alteração nas preferências políticas da juventude, que enxerga na direita uma resposta aos desafios enfrentados, bem como uma visão para o futuro do país. Este apoio não se trata apenas de uma radicalização à direita, mas sim de um clamor por soluções para a corrupção, crise habitacional e falta de oportunidades.
O aumento da participação política entre os jovens demonstra uma busca por uma nova abordagem política, e a direita surge renovada, focada em políticas econômicas liberais que promovem o empreendedorismo, geração de empregos e simplificação de regulamentações. Os jovens valorizam o mérito e o esforço, desejando um país onde possam prosperar individualmente e contribuir para uma sociedade em evolução.
Essa mudança não deve ser interpretada como um apoio direto à extrema direita, mas sim como uma reação à inércia percebida da esquerda tradicional. Partidos de esquerda são vistos como presos a métodos obsoletos e incapazes de responder às verdadeiras preocupações dos jovens, negligenciando oportunidades econômicas e ambicionando uma visão utópica.
O recente sucesso do partido antiestablishment Chega em Portugal exemplifica essa mudança. Mesmo em uma região como o Algarve, conhecida por sua atmosfera descontraída, o Chega conquistou o primeiro lugar nas eleições nacionais, perturbando o cenário político português. O partido capitalizou as preocupações econômicas e sociais, prometendo soluções para questões como salários estagnados e a falta de moradia acessível.
Este movimento não apenas desafia a tradicional narrativa política de Portugal, mas também reflete uma tendência mais ampla na Europa, onde a extrema direita está ganhando terreno. A esquerda precisa se adaptar e oferecer respostas concretas às preocupações dos jovens, caso contrário, arrisca-se a perder ainda mais apoio para movimentos políticos mais à direita.