Mercosul e EFTA assinam acordo que amplia espaço para investimentos no Brasil

17 de setembro de 2025 3 minutos
shutterstock

O Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, assinaram em 16 de setembro, no Rio de Janeiro, um acordo de livre comércio que amplia a integração entre os dois blocos. O tratado criará uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto combinado de mais de US$ 4,3 trilhões, de acordo com comunicado conjunto. Ainda sujeito à ratificação parlamentar em todos os países, o acordo prevê a redução ou eliminação de tarifas para cerca de 97% das exportações e estabelece regras sobre serviços, propriedade intelectual, medidas sanitárias, concorrência e compromissos ambientais.

Embora não tenha a mesma escala do aguardado acordo Mercosul–União Europeia, o tratado com a EFTA se apoia em uma base concreta de investimentos já existentes no Brasil. A Noruega concentra dezenas de empresas ligadas ao setor de energia, óleo e gás, com destaque para a Equinor, que opera campos offshore, e a Statkraft, que administra hidrelétricas e parques eólicos. A Suíça tem uma presença forte no país por meio de nomes como a Nestlé, na indústria de alimentos; Roche e Novartis, na área farmacêutica, e a ABB, em equipamentos industriais. Esses grupos já somam bilhões de dólares em investimentos e devem encontrar um ambiente regulatório ainda mais favorável para expandir suas operações.

De Islândia e Liechtenstein vêm companhias de nicho, como a Marel, fornecedora de tecnologia para a indústria de alimentos, e a Hilti, do setor de construção. Elas representam segmentos de maior especialização tecnológica que podem ganhar espaço em um cenário de integração mais ampla.

Para os países do Mercosul, o maior interesse está em consolidar o acesso a mercados de alto poder aquisitivo. Nos dados bilaterais mais recentes, o café aparece entre os principais produtos exportados do Brasil para a Suíça, com valor aproximado de US$ 261 milhões. Esse segmento tende a ganhar competitividade com a redução de barreiras, assim como as carnes de frango e bovina destinadas a Noruega. Insumos industriais, como o óxido de alumínio, e bens de capital também devem ser beneficiados. Empresas como JBS, BRF, WEG e Embraer acompanham de perto a implementação do acordo.

A companhia aérea norueguesa Widerøe, por sinal, já opera jatos E190-E2 da Embraer, enquanto a companhia SAS (que pertence aos governos de Noruega, Suécia e Dinamarca) fez uma encomenda recente para adquirir 55 aviões do mesmo modelo. Aviões brasileiros também já voam na Suíça, onde a companhia Helvetic Airways opera os modelos E-190-E1, E190-E2 e E-195-E2.

Argentina, Uruguai e Paraguai também ampliam oportunidades em grãos, laticínios, frutas processadas e couro, produtos nos quais já são exportadores relevantes para o mercado europeu.

A assinatura do acordo ocorre em um momento de crescente protecionismo internacional, reforçando a busca do Mercosul por diversificação de parcerias comerciais. Mais do que abrir mercados, o tratado sinaliza um movimento estratégico que consolida a presença de investidores europeus já ativos no Brasil e oferece ao bloco sul-americano uma rota alternativa de integração econômica em setores críticos da economia global.

Europeanway

Busca