Megafundo norueguês quer mudar para atrair mais empresas de tecnologia

Maior do gênero no mundo, o fundo soberano da Noruega, que tem US$ 1 trilhão, ainda tem restrições para aplicar recursos em companhias de capital fechado

02 de setembro de 2019 4 minutos
Europeanway

O fundo soberano da Noruega, que investe no exterior as riquezas geradas pelo petróleo extraído pelo país, quer aumentar seu investimento em empresas de tecnologia – e está disposto até a mudar as regras que determinam sua alocação de recursos para cumprir esse objetivo. Na última semana, o Norges Bank, o banco central norueguês, que administra o fundo, recomendou que 1% do portfólio do fundo possa ser composto por participações em empresas de capital fechado, que não têm ações negociadas em bolsa. Esse percentual corresponde hoje a quase US$ 10 bilhões.

Com um patrimônio de cerca de US$ 1 trilhão, o fundo soberano norueguês é o maior do gênero no mundo. Como suas decisões de investimento têm capacidade de transformar empresas, setores da economia ou mesmo países, todas as mudanças em sua gestão são acompanhadas com atenção pela indústria financeira global. 

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A proposta não terá efeito imediato, como registra o jornal britânico Financial Times. No momento, o mais provável é que ela desencadeie um amplo debate no país, já que, até hoje, o fundo sempre restringiu seus aportes a empresas de capital aberto. A única exceção foi estabelecida em 2011, quando empresas não-listadas em bolsa passaram a ser admitidas, desde que já tivessem em curso um plano de abertura de capital. Ainda assim, essa exceção só foi utilizada uma vez – e seu resultado foi bastante controverso. O fundo comprou uma participação na empresa que controla a Fórmula 1 em maio de 2012, mas, no mês seguinte, a oferta pública inicial de ações foi cancelada. Em 2014, o fundo admitiu que a decisão de fazer o negócio foi um erro.

A ideia do BC norueguês é ter a oportunidade de investir em grandes empresas de tecnologia que ainda não têm seus papéis negociados em bolsas de valores, o que poderia dar um retorno maior – caso, claro, as escolhas sejam bem feitas. “Empresas desse tipo costumam ter outros investidores institucionais como acionistas. Isso, por sua vez, pode ajudar a gerar alguma liquidez nas ações. Com base na experiência, é razoável esperar que algumas dessas empresas sejam divulgadas em data posterior", justificou o Norges Bank.

Os gestores do fundo adiantam que qualquer investimento em empresas não-listadas em bolsa precisa ser "regulado mais de perto" por meio de limitações a serem impostas pela diretoria do banco central e do Ministério das Finanças. Entre as restrições sugeridas estão a definição de um tamanho mínimo para a empresa em que se fará o investimento e de uma fatia máxima de participação.

O que os gestores não querem é seguir com o quadro atual, em que o maior fundo soberano do mundo não pode apostar em empresas promissoras antes de elas abrirem o capital. "(Com a restrição) você corre o risco de investir apenas nos negócios e na tecnologia de ontem", disse Oyvind Schanke, então gerente do fundo de petróleo, em 2016.

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