Até a primeira metade do século XX, a Finlândia era um dos países mais pobres da Europa. O quadro começou a mudar com a decisão dos finlandeses de investir pesadamente em educação – o que transformou o país em referência internacional na área – e bem-estar social. O avanço dos níveis educacionais é que permitiu tornar realidade o quadro atual, no qual a Finlândia aparece entre as nações mais inovadoras do planeta.
Seria possível replicar a experiência finlandesa no Brasil? Definitivamente, não. Há muitas diferenças econômicas, sociais, culturais e geográficas entre os dois países. Mas isso não significa que o Brasil não possa inspirar-se em um passo crucial dado pelos finlandeses: o de encontrar seu próprio caminho no desenvolvimento de uma cultura inovadora.
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“Temos que voltar ao básico (…) O Brasil é muito rico e diverso, mais que os países nórdicos combinados. E tem que estar focado em setores econômicos onde é mais forte, como a agricultura”, diz Juha Leppänen, CEO do Demos Helsinki, consultoria que ajuda empresas e governos a desenvolver projetos em áreas como inovação e sustentabilidade.
O especialista esteve no Brasil no início deste mês. No Scandinavian Day, em São Paulo, ele falou sobre como inovação e sustentabilidade têm que ser pensados como parte de um mesmo esforço da sociedade. Leppänen também integrou a programação da Semana de Inovação, realizada em Brasília.
Encontrar o próprio caminho para inovar foi o que fizeram os finlandeses. O país não tinha a riqueza do petróleo com a qual contam, por exemplo, os vizinhos da Noruega. Mas a Finlândia desenvolveu sua cultura inovadora em negócios florestais, uma das riquezas do país, e, em paralelo, na indústria de tecnologia e telecomunicações – a Nokia, fundada em 1865, mas que entrou em telecomunicações no início da década de 70, é um dos casos mais conhecidos da força finlandesa nesse segmento.
“O que fez a diferença foi investir nas pessoas, pois no fundo é o que temos”, disse Leppänen ao jornal. “Temos que pensar nos grandes temas, e o Brasil é competitivo em agricultura, por exemplo. Então esse setor deve ser o foco, e não tentar replicar o modelo de inovação no que era relevante nos últimos dez anos.”