A pandemia levou a Netflix a cancelar ou suspender a produção de quase todos os seus filmes e séries originais. A interrupção só não será completa em virtude da estratégia bem-sucedida de combate ao coronavírus adotada pela Islândia, país que já serviu de locação para atrações originais do serviço de streaming, entre elas as séries Lost in Space, Black Mirror e O Assassino de Valhalla.
A revelação foi feita nesta semana por Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, que incluiu também a Coreia do Sul na lista de países em que a empresa manterá suas produções. O quadro pode mudar, mas “esses dois países são muito agressivos em testar e rastrear [casos de covid-19] cedo”. Com isso, eles asseguram “as bases para [programarmos] nossos lançamentos futuros”.
Os comentários foram feitos na apresentação dos resultados da empresa no primeiro trimestre de 2020. Sarandos não citou quais filmes ou séries serão produzidos na Islândia (nem na Coreia do Sul), mas, segundo ele, a estratégia adotada pelo país para enfrentar a pandemia deve servir de guia para a Netflix retomar suas atividades em outras partes do mundo com alguma segurança.
“Não é só o PIB em alta que gera bem-estar”
Proporcionalmente, a Islândia é o país que mais faz testes de coronavírus no mundo. Até o momento, 12% da população, de 364 mil pessoas, já foi testada. Isso que permitiu um trabalho mais preciso de prevenção à doença e tratamento dos infectados. Até esta sexta-feira (24/4), a covid-19 havia matado dez pessoas no país, em um universo de 1.789 casos confirmados de infecção. A média, de 0,55 mortos para cada 100 casos, está bem abaixo da média global, de 7 para cada 100.
“A saúde pública sempre foi a maior prioridade do governo islandês”, disse a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir em entrevista publicada nesta sexta pela revista alemã Der Spiegel. Mesmo com resultados altamente positivos até aqui, a Islândia só deve começar a liberar as medidas de isolamento social em 4 de maio, e ainda assim de maneira escalonada.
Mas e a economia? A líder islandesa prevê que a taxa de desemprego chegará a 15% no país neste mês. “Mas é muito importante considerar outros indicadores de bem-estar, que vão nos ajudar a encontrar uma saída para a crise”, afirmou à publicação. Segundo ela, no ano passado, o governo elaborou uma relação de 39 indicadores que definem o bem-estar da sociedade, em áreas como educação, meio ambiente, saúde e moradia. “Nem todo o foco está apenas no PIB ou na taxa de emprego.”