A exemplo da UE, brasileiros também elegem povos indígenas como atores fundamentais na defesa da floresta

Alessandro Janoni, diretor de Pesquisas e Tendências da Imagem Corporativa 13 de junho de 2023 3 minutos
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Debate das últimas semanas emula temas já abordados em pesquisa do Greenpeace

Indígenas como protagonistas no combate ao desmatamento da Amazônia, deputados e senadores no extremo oposto. Revista da semana? Não – dados de pesquisa do Greenpeace, realizada pelo Datafolha há três anos, ou seja, ainda no governo anterior.

Em 2020, metade dos brasileiros (49%) classificava como ótimo ou bom o trabalho dos povos indígenas na proteção da floresta. O mesmo percentual chamava de ruim ou péssimo o desempenho daquela composição do Congresso em relação à pauta.

O mundo corporativo e a sociedade brasileira também não escapavam das críticas, com percentuais de reprovação iguais ou superiores a 40%, mesmo quando vetores de sustentabilidade e responsabilidade social já se entranhavam nas grandes empresas do país.

Em tempos de discussão do marco temporal e agenda de compromissos no acordo entre Mercosul e União Europeia, interessante notar que há três anos, mais de um terço da população também avaliava negativamente tanto o poder judiciário quanto os países ricos na luta contra o desmatamento.

 

Além dos povos indígenas, apenas as ONG´S ambientalistas eram aprovadas pela maior parcela dos entrevistados (42% contra 18% que as consideravam ruins ou péssimas).

A pesquisa levantou também a percepção sobre os maiores agressores da floresta. Os madeireiros eram de longe os mais apontados pelos brasileiros (89%) como atores de grande desmatamento. Em segundo lugar, apareciam empatados, garimpeiros e grandes fazendeiros ou criadores de gado (68% e 67%, respectivamente).

 

Outro dado expressivo – quase a totalidade da população, independentemente do grau de escolaridade, nível socioeconômico, idade ou gênero, identificava a importância da Amazônia para a biodiversidade, para a economia e imagem do Brasil no Exterior, assim como na luta contra o aquecimento global e contra mudanças climáticas.

Com esses resultados, percebe-se o quanto a pauta ambiental brasileira resiste como prioridade na agenda de diferentes esferas de alcance global, com potencial tanto para iniciativas marcantes como risco de prejuízos irremediáveis. Principalmente se a percepção de stakeholders não aderir à realidade (greenwashing, por exemplo).

Não à toa, o ex-presidente da República, apesar do “Conselho da Amazônia” que criou no mesmo ano da realização da pesquisa, era o agente com maior taxa de reprovação no combate ao desmatamento da floresta. Ostentar esse título hoje seria desastroso, por uma questão de sobrevivência em vários sentidos.

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