A Grã-Bretanha é a sexta maior economia do mundo mas as famílias do Reino Unido enfrentam hoje o momento de pior padrão de vida desde o penoso período de reconstrução no pós-guerra, nos anos 1950.
Segundo o Office of National Statistics, que pesquisa periodicamente a opinião dos britânicos a respeito do cenário nacional, o custo de vida é o maior problema e foi citado por 91% dos entrevistados na primeira quinzena de junho.
O índice de preços ao consumidor (CPIH) aumentou 9,7% entre maio de 2022 a maio de 2023, a taxa mais alta desde novembro de 1991. Mas a inflação específica de alimentos e bebidas avançou 18,3% no período.
Além dos alimentos, o custo da energia elétrica tem castigado os consumidores: resultado direto da guerra na Ucrânia, os preços do gás natural e da eletricidade subiram, respectivamente, 94% e 56% nos seis primeiros meses depois da invasão do país pela Rússia, e mesmo começando a ceder nos meses posteriores ainda estão longe de voltar ao patamar anterior.
Mais: as taxas de financiamento da casa própria quase dobraram em um ano, aumentando os desafios de quem em meio a um financiamento de longo prazo.
Em 2022, um em cada sete britânicos (ou 11,3 milhões de pessoas) passou fome segundo o Trussell Trust, uma organização social que opera uma rede de 1.300 bancos de alimentos no Reino Unido voltada para populações de baixa renda. Entre março do ano passado e março deste ano a organização distribuiu 3 milhões de cestas básicas, um número recorde que representou aumento de 37% nos atendimentos no período e mais do que o dobro do número de cestas básicas entregues há cinco anos.
Estima-se que 7% da população do Reino Unido dependem hoje do apoio de instituições como a Trussel Trust para garantir um nível mínimo de alimentação. Mas 71% das pessoas carentes ainda nem tiveram acesso a esse benefício.
O governo britânico tem contribuído para diminuir o impacto social do cenário atual, com repasses financeiros de valor equivalente a 3.500 libras Euros por família carente e reajuste das pensões de aposentados, mas isso não tem sido suficiente.