No centro vital da indústria automotiva europeia, uma convocação consensual ressoa entre os líderes do setor: menos normas, maior estratégia. Empresas e entidades envolvidas na produção de veículos na Europa estão intensificando a pressão por uma abordagem mais maleável e voltada para o futuro, sustentando que a simplificação regulatória é fundamental para impulsionar a inovação e a competitividade global.
O setor automotivo enfrenta, atualmente, desafios consideráveis, desde a transição para veículos elétricos até a incorporação de tecnologias autônomas e a crescente demanda por soluções de mobilidade sustentável. No entanto, os líderes da indústria acreditam que a excessiva burocracia e as regulamentações complexas estão obstaculizando a agilidade e a eficácia necessárias para enfrentar esses desafios de maneira eficiente.
Em um “Manifesto e Roteiro” apresentado em Bruxelas, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) esboça como o setor planeja permanecer alinhado com o Pacto Ecológico Europeu, visualizando-o como um farol que requer detalhes pragmáticos.
Tanto na cadeia de suprimentos de matérias-primas quanto nas etapas de produção, a palavra-chave deve ser sustentabilidade. Esta indústria está ciente da necessidade de descarbonizar, ou seja, contribuir com menos emissões poluentes provenientes dos combustíveis fósseis.
No entanto, a ACEA critica o ritmo lento de implementação na União Europeia de pontos de recarga para veículos elétricos, que é dez vezes superior na China. “Não podemos realizar isso isoladamente enquanto indústria automotiva. Pois é como se, há mais de cem anos, nos tivessem solicitado controlar toda a distribuição de petróleo e gás. Não o fizemos. Portanto, nosso papel é fabricar um produto e desenvolver tecnologia, mas precisamos da cooperação de outros para isso”, explicou Luca de Meo, presidente da ACEA.
Os críticos argumentam que a complexidade das regulamentações atuais muitas vezes resulta em atrasos na introdução de novas tecnologias, prejudicando a capacidade das empresas europeias de competir com rivais internacionais, especialmente em mercados emergentes. Para contornar esse problema, a indústria propõe uma colaboração mais estreita entre as empresas e os órgãos reguladores para desenvolver regulamentações mais ágeis e adaptáveis.
Michelin e Goodyear fecham fábricas na Alemanha
O produtor de pneus Michelin divulgou, nesta semana, o encerramento de três unidades fabris na Alemanha, em um movimento que ocorre poucos dias após a Goodyear anunciar o fim da produção na histórica fábrica da renomada marca Fulda, que estava sob seu controle desde 1966. A Michelin planeja encerrar as operações nas fábricas de Karlsruhe, Homburg e Trier até 2025, conforme relatado pelo site da Auto Motor und Sport.
Ambas as empresas, Michelin e Goodyear, apontam os custos crescentes de energia e produção como motivadores, mas é crucial considerar também a intensificação da concorrência de fornecedores de baixo custo do Extremo Oriente, notadamente da China, como um fator determinante para o encerramento de várias instalações produtivas na Alemanha. Como resultado, mais de 2.500 trabalhadores enfrentarão a perda de seus empregos.
De acordo com a Michelin, a alta inflação e o substancial aumento nos custos de produção na Alemanha foram cruciais para essa decisão. Segundo detalhes da publicação, o preço do gás natural industrial na Alemanha dobrou na última década, enquanto o custo da eletricidade aumentou em 50%. Além disso, os encargos relacionados à mão de obra também desempenharam um papel significativo nessa determinação.