A Noruega tem no momento uma vaga de emprego aberta que envolve um volume gigantesco de dinheiro. A avaliação dos candidatos já está em andamento, e o escolhido terá uma tarefa para (muito) poucos: cuidar de US$ 1,2 trilhão. Essa será a responsabilidade a ser delegada pelo fundo soberano norueguês, o maior do gênero no mundo, que administra as riquezas que o país gera com a produção de petróleo.
A notícia de que o fundo norueguês teria que achar um novo guardião surgiu em outubro, quando Yngve Slyngstad informou que deixaria o posto. Presidente do fundo desde 2008, Slyngstad fez o comunicado no mesmo dia em que se revelou que o patrimônio da instituição havia alcançado US$ 1 trilhão. A uma semana de completar 57 anos de idade, e no dia da notícia de um feito sem precedentes na história das finanças globais, o economista anunciou sua decisão quando estava no auge.
No entanto, para começar oficialmente a busca por um substituto, o fundo precisava receber as inscrições dos interessados. O prazo para a apresentação de candidaturas à vaga encerrou-se no dia 22 de fevereiro, e oito nomes agora concorrem ao emprego. Entre eles está Trond Grande, atual vice-presidente, que ocupa o posto desde 2011.
Formalmente, o Norges Bank Investment Management – seu nome oficial – está sob o guarda-chuva do banco central norueguês. Criado no início dos anos 90, sua principal missão é assegurar que a riqueza que a Noruega tem gerado com a produção de petróleo fique também para as próximas gerações.
Fortuna que só cresce
E isso tem sido feito com resultados que não têm paralelo em lugar algum. Seus US$ 200 milhões originais se transformaram em um colosso que tem influência sobre as finanças globais. Com 9,2 mil empresas em seu portfólio, o fundo tem participação que equivale a 1,5% de todas as companhias abertas listadas em bolsa no mundo. Hoje, 70% de seus recursos estão em ações, 27% em papéis de renda fixa e 3% em imóveis. No ano passado, com um retorno de 19,9%, o patrimônio do fundo cresceu US$ 180 bilhões, seu melhor resultado na história.
Antes de assumir a presidência do Norges Bank Investment Management, Yngve Slyngstad comandou a área de investimentos em ações. Ele é tido como um dos grandes responsáveis pelo sucesso do fundo, e não apenas por seus resultados na gestão dos recursos. Com formação em economia, direito e ciência política, o executivo é igualmente reconhecido por sua capacidade intelectual.
Visão sustentável
Sob sua liderança, o fundo passou a ser mais criterioso na escolha das empresas em que investe. Neste domingo, por exemplo, a agência Reuters revelou que o fundo vai, em breve, se desfazer de investimentos em quatro companhias altamente poluidoras – os nomes não foram revelados para não não haver impacto sobre os preços das ações. Nesta terça-feira (3/3), o fundo informou que passará a exigir das empresas em que investe relatórios periódicos sobre os esforços delas na área de sustentabilidade.
Não há data estabelecida para anúncio do novo comandate do fundo norueguês. Mas, seja quem for o escolhido, Yngve Slyngstad seguirá na casa, ajudando a definir as estratégias de investimentos. Entre suas futuras atribuições estará a de estabelecer critérios para a instituição investir em companhias de energia renovável de capital fechado.