Fim do ‘Imposto Turístico’ faz consumidores trocarem Londres pela UE

21 de maio de 2024 4 minutos
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Desde que o Reino Unido eliminou o incentivo fiscal em 2021, milhares de turistas que costumavam fazer compras isentas de impostos no país têm escolhido novos destinos de compras, como Paris, Milão e Madri. Esse movimento ocorre em meio à resistência do governo britânico aos intensos apelos do varejo e de empresas do setor de turismo.

Uma análise recente mostra que, em 2019, 162 mil turistas de fora da União Europeia solicitaram o reembolso do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) exclusivamente na Grã-Bretanha. Agora, um quinto desses turistas busca descontos em outras partes da UE, onde a isenção fiscal ainda está em vigor. De acordo com a consultoria Global Blue, cerca de 34 mil turistas mudaram suas compras isentas de impostos da Grã-Bretanha para outros países, aumentando seus gastos médios de 2.900 euros por pessoa em 2019 para 3.800 euros em 2023.

França e Itália são os principais beneficiados por essa mudança, atraindo mais de dois terços desses viajantes, seguidos pela Espanha. Andrew Keith, CEO da loja de departamentos Selfridges, destacou que a ausência contínua de um regime de isenção de impostos impactará negativamente as vendas internacionais da loja.

A decisão do Reino Unido de não reintroduzir a redução de impostos pós-Brexit é vista por muitos como mais prejudicial do que a recente crise do custo de vida. A New West End Company, que representa o setor turístico de Londres, afirma que essa política está afastando turistas e suas despesas do país. No entanto, o governo britânico argumenta que a política tem fortalecido as finanças públicas sem dissuadir os turistas. Para sustentar essa posição, foram encomendadas revisões independentes ao Gabinete de Responsabilidade Orçamental (OBR) em 2020 e novamente em 2023.

O OBR estimou que a política resultou em um benefício de 462 milhões de libras para as finanças públicas no último ano, com previsão de aumento para mais de meio bilhão de libras no atual ano fiscal. Apesar disso, o impacto no turismo e nas vendas é notável. A ocupação hoteleira em Londres superou os níveis pré-pandêmicos em dezembro, e Heathrow registrou 18,5 milhões de passageiros no primeiro trimestre deste ano, um recorde histórico.

No entanto, a revitalização da Oxford Street e o aumento de turistas não se refletem no mesmo nível de gastos que antes. Michael Ward, Diretor Geral da Harrods, expressou ceticismo sobre uma mudança de postura do governo. “Será que o primeiro-ministro vai se levantar e dizer ‘eu errei’?”, questionou durante o Congresso Mundial de Varejo em Paris. Ele duvida dessa possibilidade, especialmente com as eleições nacionais se aproximando.

Vozes do Varejo

Thierry Andretta, CEO do Mulberry Group, destacou a necessidade de motivar consumidores estrangeiros a gastar no Reino Unido, oferecendo políticas de isenção de impostos comparáveis às do resto do mundo. A empresa tem enfrentado dificuldades nos últimos anos, atribuindo uma queda de 4% nas vendas no Reino Unido, nas últimas 13 semanas de 2023 em comparação com o ano anterior, à falta de compras isentas de IVA.

Paul Barnes, CEO da Association of International Retail, reforçou a ideia de que há uma oportunidade perdida. “O número de visitantes é tão alto quanto no resto da Europa, mas eles não estão gastando – essa é a diferença”, disse ele.

Os dados da Global Blue indicam que a maioria dos turistas que mudaram suas compras isentas de impostos é proveniente do Oriente Médio (33%) e dos EUA (19%), com os números de compradores chineses ainda abaixo da metade dos níveis pré-pandêmicos.

A situação revela uma tendência crescente de turistas preferirem outros destinos europeus para suas compras, impactando diretamente o setor de varejo e turismo do Reino Unido.

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