Na Finlândia, a estrutura do varejo está mudando a olhos vistos – e isso não é exatamente uma boa notícia para o comércio feito em lojas de tijolo e argamassa. Nos próximos 11 anos, até 40% das lojas físicas do varejo finlandês podem fechar as portas, segundo uma estimativa apresentada nesta segunda-feira (5/8) pela Federação Finlandesa de Comércio.
O fenômeno já tem sido visto nos últimos anos, mas tende a se acentuar ao longo da próxima década, segundo a entidade. O crescimento do varejo digital, a urbanização, a concorrência com grandes redes de e-commerce estrangeiras e o envelhecimento da população são alguns dos fatores por trás desse fenômeno.
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A Federação cita as redes online estrangeiras como a maior ameaça às lojas físicas não apenas finlandesas, mas também suecas. "Não é à toa que a Suécia teme a chegada de varejistas online chineses e da Amazon aos países nórdicos. A Amazon rapidamente dominou os mercados de todos os países ocidentais onde desembarcou", disse a economista-chefe da organização, Jaana Kurjenoja.
A entidade diz estar preocupada com a capacidade do setor de continuar a gerar empregos no futuro, observando que o varejo é o maior empregador da Finlândia, especialmente de jovens. Além disso, afirma a Federação, o comércio é responde por 10% do produto interno bruto (PIB) finlandês.
"Nós temos falado sobre mudanças estruturais no varejo e na transformação digital há muito tempo, mas agora essas mudanças estão sendo vistas mais concretamente e estão aparecendo como prevíamos. Isso precisa ser mais reconhecido no processo decisório nacional e da União Europeia", disse a diretora geral da Federação, Mari Kiviniemi.
Para enfrentar a forte concorrência externa, a entidade quer que as mesmas obrigações e regulamentações aplicadas às redes nacionais sejam impostas às estrangeiras. Além disso, a Federação sugere o desmembramento de monopólios locais para melhorar a eficiência do setor.
Mari Kiviniemi disse ser "muito importante" a decisão do governo de elaborar um relatório sobre o setor de varejo, uma tarefa que, para ela, pode apresentar alternativas para o desenvolvimento estratégico do segmento no longo prazo. "Mas esse trabalho, que tem que ser especializado e imparcial, precisa começar imediatamente", afirmou.