Barcelona, um dos destinos mais populares do mundo, recebe anualmente cerca de 26 milhões de turistas, que geram uma receita de aproximadamente € 12,75 bilhões. No entanto, a relação com o excesso de visitantes tem causado revolta entre os moradores locais, levando a uma manifestação inusitada no último final de semana.
Armados com pistolas de água, moradores locais atingiram visitantes em locais de grande movimentação, expressando sua frustração com o impacto negativo do turismo em massa na região. A manifestação foi organizada pela Assembleia de Bairro para o Decrescimento do Turismo, uma coalizão de mais de 100 organizações locais, e reuniu cerca de 2.800 pessoas, segundo as autoridades de Barcelona. Além de borrifarem água nos turistas, gritaram palavras de ordem como “turistas vão para casa” e exibiram cartazes com frases como “Barcelona não está à venda”.
Os manifestantes argumentam que o turismo em massa está elevando o custo de vida na cidade, especialmente no mercado imobiliário, e sobrecarregando os serviços públicos. Apesar dos benefícios econômicos, afirmam que os lucros são distribuídos de maneira desigual, ampliando a desigualdade social na cidade.
Medidas propostas e ações da prefeitura
Para mitigar os impactos negativos do turismo, os manifestantes propuseram 13 medidas que visam promover um novo modelo de turismo na cidade. Entre as propostas estão o fechamento de terminais de navios de cruzeiro, maior regulamentação do alojamento turístico e o fim dos gastos públicos com promoção turística.
Em resposta às demandas, o prefeito de Barcelona, Jaume Collboni (Partido dos Socialistas da Catalunha, de esquerda), anunciou uma série de medidas para reduzir o impacto dos turistas. Entre as ações estão o aumento da taxa de turismo para € 4,00 por noite e a limitação do número de passageiros de navios de cruzeiro. Outra medida significativa – recentemente divulgada pelo European Way – é a eliminação, até 2028, das licenças de aluguel de curta duração para mais de 10.000 apartamentos, uma tentativa de liberar moradias para os residentes locais.
Barcelona não está sozinha na sua luta para equilibrar os benefícios e os desafios do turismo. Cidades em toda a Europa estão tomando medidas semelhantes para conter os influxos de visitantes. Na Grécia, por exemplo, o governo impôs um sistema de ingressos com horário marcado para a Acrópole e um limite de visitantes de 20 mil por dia. Veneza, na Itália, está experimentando a cobrança de taxas extras dos turistas, enquanto Amsterdã, na Holanda, restringiu a construção de novos hotéis.