Enquanto EUA se armam e China busca crescimento sustentável, Europa avança em agendas ambientais e acordos bilaterais

Gisele Darbellay, diretora na Imagem Corporativa 20 de setembro de 2024 3 minutos
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Cientistas políticos dão conta de que existem 107 conflitos de médio e grande porte acontecendo no mundo neste momento. Ondas migratórias e disputas territoriais marcam esses conflitos na Europa que, desde a Guerra Fria, vivia um momento de relativa tranquilidade.

Enquanto os Estados Unidos se firmam como a nação de maior potencial militar e a China vai em busca de um crescimento sustentável mais voltado em consumo interno, inovação e serviços, a Europa dirige suas atenções a questões de longo prazo como a regulamentação de novas mídias, o combate ao desmatamento e as mudanças climáticas e a possíveis acordo bilaterais, como o da União Europeia e Mercosul. A relevância europeia na economia mundial vem sendo relativizada a cada ano, mas é inegável seu protagonismo em agendas ambientais e de marco regulatório da internet, mesmo o continente não tendo uma big tech para chamar de sua.

Esse foi o resumo do debate “Caminhos políticos e econômicos possíveis para o continente” realizado nesta quinta-feira (19/9) em São Paulo, durante o European Day, com mediação de Marcelo Lins (Globonews) e participação de Roberto Dumas (Insper), José Luiz Pimenta (BMJ Consultoria) e Oliver Stuenkel (FGV).

“A Europa está muito à frente na agenda ambiental e isso a torna ainda mais próxima do Brasil que obviamente é o epicentro dessas discussões. As regras rígidas do mercado europeu elevaram a barra de qualidade do comércio internacional, repelindo, portanto, os produtos dos países asiáticos. É um cenário muito benéfico para a América Latina”, pontua Stuenkel.

Especialista em economia internacional, Roberto Dumas classificou como desafiador o momento econômico vivido hoje pela Europa. Ele cita estimativas do plano de recuperação da Comissão Europeia e do ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi, em que faltam cerca de 80 bilhões de euros no continente para devolver o vigor e a competitividade global a que a região estava acostumada. Esse investimento poderia vir da Ásia não fossem a dívida pública e os juros em alta na Europa e os conflitos que levam invariavelmente a um cenário de insegurança. Fato é que os europeus deixaram de ser tão atraentes e deram lugar aos países latinos e africanos.

A contribuição de Pimenta ao debate lançou um olhar otimista ao comportamento do setor privado europeu. Segundo ele, o comércio entre Brasil e União Europeia gerou uma receita próxima de 95 bilhões de dólares em 2023 (Santander Trade). “O setor privado tem uma dinâmica própria que acontece a despeito do cenário político. Não acreditamos que um acordo Mercosul-União Europeia nos salvará, mas é importante perceber que o Brasil se apresenta como um porto seguro, porque as bases democráticas são sólidas e isso é importante para o investidor. Portugal, Espanha, Alemanha e Itália são favoráveis à aproximação com o Mercosul e isso é muito positivo”.

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