Em busca da competitividade perdida, União Europeia reforma pacote de regras ambientais para indústrias

Renato Rodrigues, estrategista digital na IC 28 de fevereiro de 2025 3 minutos
shutterstock

Sob pressão para recuperar a competitividade econômica e atender às crescentes exigências ambientais, a União Europeia lançou o Green Deal 2.0, estratégia climática ampliada que busca consolidar a transição para uma economia neutra em carbono até 2050. Atualizando o plano original de 2019, a iniciativa traz medidas como a criação de um Banco de Descarbonização Industrial, com €100 bilhões em recursos, e a simplificação de regulamentações para empresas. A meta é ambiciosa: reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030, em relação aos níveis de 1990. Ainda assim, pairam dúvidas sobre se o plano será suficiente para manter a indústria europeia competitiva diante de gigantes como Estados Unidos e China.

O Green Deal 2.0 é estruturado em três pilares fundamentais. O primeiro é a neutralidade climática até 2050, respaldada por metas juridicamente vinculativas definidas pela Lei Climática Europeia. O segundo busca desvincular o crescimento econômico do consumo de recursos naturais, impulsionando uma economia circular. O terceiro foca em uma transição justa, oferecendo suporte a regiões e trabalhadores impactados pela shift para uma economia verde. No cerne da estratégia está o pacote “Fit for 55”, que detalha como a UE pretende alcançar suas metas, com ênfase em energias renováveis, eficiência energética e infraestrutura sustentável.

“Com regras mais simples para relatórios de finanças sustentáveis, diligência devida em sustentabilidade e taxonomia, as empresas da UE terão a vida facilitada, enquanto seguimos firmes rumo às metas de descarbonização”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Um dos pontos mais debatidos do plano é o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), que taxa importações de produtos intensivos em carbono, como aço, cimento e fertilizantes. O objetivo é combater o “vazamento de carbono” — quando empresas transferem produção para países com normas ambientais menos rigorosas. Pelas novas regras, 90% dos importadores ficarão isentos das obrigações do CBAM, que se aplicará apenas àqueles com importações anuais acima de 50 toneladas. A medida, ajustada após demandas de indústrias da Alemanha e da França, foi vista por ambientalistas como um enfraquecimento da legislação ambiental.

A competitividade industrial segue como um dos maiores desafios do Green Deal 2.0. Nos últimos anos, a UE perdeu terreno em setores estratégicos, como painéis solares e baterias, para a China, que domina as cadeias de suprimentos de tecnologias verdes. Há também o risco de indústrias migrarem para países com energia mais barata e menos regulamentações, como os Estados Unidos. Para conter essa ameaça, o plano simplifica regras para empresas, especialmente pequenas e médias, mas especialistas destacam que o sucesso dependerá da execução eficaz.

Europeanway

Busca