Em 28 de novembro, depois de 19 dias de uma disputa ocorrida em Londres, o norueguês Magnus Carlsen derrotou o americano Fabiano Caruana e, pela terceira vez desde 2013, manteve o título de campeão mundial de xadrez. Carlsen, que dois dias depois completou 28 anos de vida, recebeu um prêmio superior a US$ 1 milhão – e, na esteira de um feito pessoal, realimentou uma febre em seu país: a febre do xadrez.
Desde que Carlsen conquistou o título mundial pela primeira vez, em 2013, quando ele tinha apenas 22 anos, o esporte virou mania no país. Em novembro, semanas antes do novo título do jovem (que o jornal americano Washington Post já chamou de "Mozart do xadrez"), um bar inteiramente dedicado ao esporte abriu suas portas – e tem visto filas de gente querendo entrar desde então. Até a prefeita de Oslo, Marianne Borgen, fez questão de participar da inauguração.
O jornal The New York Times chamou o fenômeno da paixão dos noruegueses pelo esporte de "Efeito Magnus". O xadrez está em todo canto, descreveu a publicação. "Em um país com cerca de 5 milhões de pessoas, quase 500 mil jogam xadrez on-line regularmente, de acordo com a Federação Norueguesa de Xadrez. As lojas lutam para manter tabuleiros em suas prateleiras. Os podcasts de xadrez lideram as paradas de download na Noruega, e o transporte público está cheio de pessoas jogando no celular. Crianças jogam xadrez. Adultos participam de jogos que envolvem bebidas e que usam a modalidade como tema em festas para assistir a uma partida", relata o jornal. "O xadrez é onipresente, dizem os noruegueses. E, de alguma forma, acabou se tornando cool."
Em 2013, ano do primeiro título mundial de Carlsen, a emissora estatal de televisão NRK criou um programa no estilo talk show – filmado em estúdio, com uma plateia –, que utilizou gráficos coloridos e análises de um painel de peritos em xadrez, personalidades da televisão e celebridades nacionais querendo saber mais sobre o jogo. O programa foi um sucesso. Nesse primeiro ano, a final atraiu uma média de 335 mil espectadores. No ano seguinte, o jogo decisivo atraiu 572 mil. E, em 2016, uma média de 764 mil espectadores, ou 56%, viram Carlsen garantindo seu terceiro título mundial.
Magnus Carlsen é o único norueguês entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial, como relata a BBC, o que facilita as coisas quando se quer identificar a origem da febre. E, se depender da autoconfiança do campeão mundial, o reinado continuará norueguês – e seu país, com combustível para seguir com essa salutar obsessão. "Sempre acreditei em mim, definitivamente", diz o campeão, segundo registra o site português Observador. "Acho que perder não é uma coisa natural."
(Foto: The Good Knight/divulgação)