Dinamarca pode suspender novo leilão de petróleo no Mar do Norte

A decisão do governo de reavaliar a rodada é ambiental: as metas do país de redução da emissão de poluentes estão entre as mais ambiciosas do mundo

18 de outubro de 2019 4 minutos
Europeanway

Com uma meta de redução da emissão de poluentes que está entre as mais ambiciosas do mundo, a Dinamarca decidiu reavaliar o andamento de seu novo leilão para a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte. Quatro empresas manifestaram interesse em participar do leilão, que foi anunciado há mais de um ano.

O novo governo do país, encabeçado pelos social-democratas, tem sido pressionado no Parlamento por seus aliados de centro-esquerda para proibir a concessão de novas licanças de extração de petróleo no Mar do Norte dinamarquês. Os integrantes da coalizão querem acentuar os esforços do país pela eliminação do uso de combustíveis fósseis.

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"Nós demos início a um trabalho no novo governo para avaliar o quadro. Quando tivermos mais fundamentos, decidiremos se haverá uma oitava rodada de licenciamento ou não", disse a jornalistas na última semana a primeiro-ministra Mette Frederiksen, segundo a Reuters. Ela não quis dar mais detalhes sobre sua declaração, de acordo com a agência.

A questão, claro, é controversa. Se, de um lado, seus defensores dizem que desse tipo de atitude depende a redução do aquecimento global, de outro, há quem a considere até inócua. Os representantes da indústria de petróleo e gás argumentam, por exemplo, que a suspensão do leilão exigiria que a Dinamarca importasse os combustíveis de países que emitem até mais carbono na atividade.

Em outras palavras, os dinamarqueses usariam petróleo da mesma forma, o que significa que as emissões seriam exatamente as mesmas. A única diferença é que a commodity viria de outro lugar. "Entendemos as preocupações com o clima e a necessidade de encararmos esses desafios, mas o clima não vai se beneficiar se o leilão for suspenso", disse à Reuters Martin Naesby, diretor do grupo de lobby Oil Gas Denmark. Para reforçar seu argumento, Naesby cita um estudo, liderado pela Universidade Stanford e publicado pela revista Science, que diz que a produção dinamarquesa de petróleo e gás é a que menos emite CO2 do mundo. 

A Agência Dinamarquesa de Energia informou em fevereiro que Ardent Oil, Lundin, MOL e Total foram as quatro companhias que apresentaram os requerimentos para participar do leilão. “O governo não avaliou nem decidiu sobre os pedidos. O caso ainda está sendo estudado", disse um porta-voz da agência na última sexta-feira.

Se as licenças forem concedidas e houver descoberta de combustível nos blocos ofertados, isso pode representar a extensão da produção de petróleo no Mar do Norte dinamarquês para além de 2050. Ocorre que a Dinamarca pretende tornar-se um país livre de combustíveis fósseis justamente até 2050. Como parte desse plano, o governo de Mette Frederiksen, que assumiu o poder em junho, prometeu recentemente reduzir em 70% as emissões de gases de efeito-estufa até 2030 na comparação com os níveis de 1990.

Com 105 mil barris/dia previstos para este ano, a Dinamarca é o segundo maior produtor de petróleo da União Europeia, atrás apenas da Grã-Bretanha. O volume da indústria petroleira dinamarquesa é menor que o da Noruega, mas os vizinhos noruegueses não integram a UE.

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