A Europa está prestes a enfrentar um marco demográfico inédito, conforme revelado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Pela primeira vez na história, a população com idade superior a 65 anos está prestes a superar numericamente aqueles com menos de 15 anos. Este fenômeno não apenas reflete a conquista da longevidade, mas também destaca a necessidade urgente de medidas abrangentes para assegurar o bem-estar e a saúde da crescente população idosa.
Com uma combinação de menos nascimentos e uma expectativa de vida em ascensão, a Comissão Europeia projeta que até 2050, um terço da população do continente terá mais de 65 anos, em comparação com os atuais 20%. Estima-se que a população da União Europeia atingirá seu ápice em 2040, com 526 milhões de habitantes, antes de declinar em 30 milhões até o final do século, conforme indicam projeções atuais.
A crise demográfica não é uma visão distante; dados de 2021 da Statista mostram que a Europa lidera globalmente, com 19% da população idosa, seguida pela América do Norte (17%) e a Oceania (13%). A Itália, entre os países que envelhecem mais rapidamente, enfrenta um declínio populacional significativo desde 2014, com o presidente da Instituição Nacional de Estatística da Itália (Istat), Giancarlo Blangiardo, relatando uma perda acumulada de 1,36 milhão de habitantes em quase uma década.
A preocupação crescente levou algumas nações europeias a adotarem medidas extraordinárias para atrair novos moradores, especialmente famílias com filhos. Ofertas de incentivos financeiros, chegando a € 84.000 por pessoa (aproximadamente R$ 440 mil), são implementadas em programas governamentais com orçamentos de até € 45 milhões. Apesar das peculiaridades e condições específicas para receber esses benefícios, a intenção é clara: uma corrida contra o tempo para revitalizar cidades antigas, isoladas e com populações diminutas, impulsionando não apenas a economia local, mas também criando comunidades resilientes.
A OMS destaca a urgência de políticas que promovam um envelhecimento ativo e saudável, reconhecendo a valiosa contribuição dos idosos em termos de experiência, sabedoria e engajamento comunitário. Investir em serviços de saúde acessíveis e especializados, abordando as condições associadas ao envelhecimento, é considerado crucial para garantir uma qualidade de vida digna para essa parcela da população.
A transição demográfica na Europa ressalta a necessidade premente de reavaliar os sistemas de previdência social e os cuidados a longo prazo. A adaptação de políticas e infraestruturas para atender às demandas específicas dos idosos torna-se imperativa para forjar uma sociedade mais inclusiva e resiliente diante desses desafios demográficos.