A vibrante cena techno de Berlim, há muito tempo celebrada como uma das mais dinâmicas do mundo, alcançou recentemente um marco notável: o reconhecimento da Unesco como patrimônio cultural imaterial da humanidade.

Esta distinção, anunciada no último dia 13 de março, em conjunto com outros cinco registros culturais da Alemanha, ressalta a riqueza e a diversidade das tradições do país.

Para a Associação de Clubes de Berlim, representante dos locais e promotores culturais da cidade, este reconhecimento é mais do que uma mera honra. É um testemunho do papel fundamental que a música eletrônica desempenha na identidade e na alma de Berlim. Como destacado por Lutz Leichsenring da Clubcommission, este marco é uma vitória para produtores de techno, artistas, operadores de clubes e organizadores de eventos da capital alemã.

Mas este reconhecimento chega em um momento crucial. Os clubes de Berlim ainda se recuperam das consequências da pandemia de COVID-19. 2023 foi particularmente desafiador, com aumentos nos preços e uma diminuição no fluxo de frequentadores, levando a uma pressão financeira adicional sobre esses espaços culturais essenciais.

Quais são os outros cinco registros da Alemanha?

O que torna o patrimônio cultural imaterial tão significativo é a sua capacidade de preservar as formas de expressão e tradições culturais que são transmitidas de geração em geração. Isso não se limita apenas à música, mas abrange uma ampla gama de práticas, desde representações e rituais até conhecimentos e habilidades.

Além da cena techno de Berlim, outras cinco contribuições culturais entraram na lista:

1. Finsterwalder Sangestradition – A cidade do estado de Brandemburgo, Finsterwalde, tem uma tradição de canto que forma sua identidade e corais, que estão constantemente se desenvolvendo.
2. Kirchseeoner Perchtenlauf – um desfile de inverno realizado na cidade de Kirchseeon, na Baviera, onde os Perchten – figuras assustadoras e mascaradas  – desfilam para celebrar o Ano Novo. Acredita-se que os Perchten tragam sorte, pois afastam os espíritos do mal.
3. Schwälmer Weißstickerei – O bordado branco Schwalm é uma técnica artesanal tradicional praticada principalmente na região de Schwalm, em Hessen. Vários motivos são bordados com linha branca em tecido de linho.
4. Boofen – A comissão quando fala de “montanhismo na Saxônia” se refere aos “Boofen”, abrigos ao ar livre para pernoite que são tradicionalmente usados pelos alpinistas. Eles permitem a interação social com uma abordagem respeitosa da natureza.
5. Viez  – uma sidra feita de maçã, pera e marmelo. De acordo com a Comissão da Unesco, o cultivo para a produção da bebida fortalece a biodiversidade que caracteriza a paisagem da região linguística do Vale do Mosela-Francônia.

Este reconhecimento celebra não apenas o passado, mas também o futuro dessas tradições, garantindo que elas continuem a evoluir e prosperar dentro das comunidades que as mantêm vivas. Berlim, com sua cultura techno pulsante, continua a liderar o caminho, inspirando e influenciando o mundo com sua energia única e inigualável.