Contra poluição e congestionamentos, Dinamarca avalia transporte público gratuito

A ideia foi apresentada por um partido político de direita - e com o apoio de um de esquerda; agora, o governo vai calcular se ela é viável

26 de agosto de 2019 3 minutos
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Para reduzir os congestionamentos no trânsito de seus principais centros urbanos e, ao mesmo tempo, redobrar os esforços de combate à poluição, a Dinamarca decidiu colocar em discussão a adoção do transporte público gratuito universal. A proposta foi apresentada neste mês pelo Partido do Povo Dinamarquês, uma legenda identificada como de extrema-direita, o que atesta que, ao contrário do que muita gente acredita, em particular no Brasil, a agenda ambiental não é exclusiva de nenhum campo do espectro político.

Segundo Morten Messerschmidt, porta-voz do partido para questões climáticas, a ideia no momento é fazer um levantamento de qual seria o custo da iniciativa se ela fosse adotada. Os cálculos serão feitos considerando a gratuidade do transporte público na capital, Copenhague, Aarhus, Odense e Aalborg, as quatro maiores cidades dinamarquesas.

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"Há uma grande mudança em todo o setor de transportes tanto por causa da política climática quanto da energética", disse Messerschmidt ao jornal Jyllands-Posten. "Nós queremos saber qual seria o custo para que o transporte público passe a ser gratuito, pelo menos nas grandes cidades, para vermos se esse seria um caminho nos esforços da transição verde."

A ideia foi levada ao ministro dos Transportes, Benny Engelbrecht, para que sua pasta calcule não apenas os custos, mas também o impacto ambiental que ela poderia ter ao tirar muitos carros das ruas. A Dinamarca chegou a considerar essa proposta em 2006. Dessa vez, porém, as conclusões podem ser diferentes, já que o tráfego urbano cresceu muito desde então, segundo registra o jornal The Copenhagen Post.

Em mais uma evidência de que representantes de campos políticos opostos não precisam discordar sempre, o Partido Popular Socialista, de esquerda, manifestou interesse em levantar os custos da proposta. “Pode ser interessante fazer um teste. Mas teria que ser em trechos mais longos, como o trem de Copenhague a Aarhus, que hoje é absurdamente caro. Na cidade, já existem muitos que usam transporte público, e aqui devemos tentar limitar o acesso a carros”, disse ao Jyllands-Posten Karsten Hønge, porta-voz da legenda.

De largada, os envolvidos admitem que a ideia pode ter um custo muito alto para de fato ser adotada. Por ano, as vendas de passagens de todo o sistema de transporte público do país somam 10 bilhões de coroas (pouco mais de R$ 6 bilhões) – e o Partido do Povo Dinamarquês acredita que o custo de implementação do projeto seria de metade disso. Ainda assim, o tema entrou no debate público – e com partidos de direita e esquerda dispostos a discutir ideias em vez de trocarem insultos mútuos.

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