Conheça Pär Hedberg, o patrono da inovação tecnológica sueca

Ex-campeão nacional de esqui freestyle, o investidor criou a Sting, incubadora que ajudou a fazer de Estocolmo um celeiro de startups de sucesso

20 de setembro de 2019 6 minutos
Europeanway

Se te perguntarem de onde vêm as grandes inovações tecnológicas do mundo na atualidade, é muito provável que você responda Vale do Silício, berço de empresas como Google, Amazon e Facebook. Sim, sua resposta estaria correta. Mas o que nem todos lembram é que, logo atrás, aparece Estocolmo. E se há alguém que conhece esse universo na Suécia, essa pessoa é Pär Hedberg, o patrono da inovação tecnológica do país.

A capital sueca produz mais unicórnios (novas empresas que chegam à marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado) per capita do que qualquer outra região do mundo depois da americana San Francisco, a principal cidade do Vale do Silício. Spotify, Skype e a empresa de tecnologia de pagamento Izettle, apenas para citar três exemplos, são todas suecas.

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Hedberg é o fundador e executivo-chefe da Sting, uma incubadora de tecnologia escandinava que ajudou quase 300 startups na Suécia desde que foi fundada, em 2002. As empresas apoiadas pela Sting faturaram no ano passado, somadas, o equivalente a R$ 1,1 bilhão. Em uma evidência adicional de sucesso, oito das empresas financiadas pela Sting estão agora listadas no mercado de ações sueco.

"Nós estamos alimentando todo o sistema em Estocolmo", diz Hedberg. "Algumas de nossas startups estão ganhando escala muito bem em Londres, no Vale do Silício e em outros lugares. Nós atraímos 419 milhões de libras (ou R$ 2,1 bilhões) em capital privado para essas empresas."

Ex-campeão nacional de esqui freestyle, Hedberg, de 64 anos, passou a maior parte de sua carreira trabalhando como executivo em vários grandes negócios de tecnologia, mas no fim dos anos 90 ele queria um novo desafio. "A última missão foi um projeto de forte transformação de uma empresa, e depois disso eu estava totalmente cansado de trabalhar para grandes companhias", lembra ele. "Em 1999, decidi que, depois de ter cumprido meu 'serviço militar', queria trabalhar com novas startups."

O executivo conta ter feito isso por alguns anos com um sócio, investindo pequenas quantias em algumas empresas de tecnologia a laser. Depois dessas primeiras apostas surgiu a Sting, que apoia startups em uma ampla gama de setores de tecnologia, de inteligência artificial e assistência médica a sustentabilidade e mídia digital.

Seleção exigente

No entanto, a empresa é seletiva: das cerca de 400 startups que se inscreveram para participar de seus programas de incubação no ano passado, menos de 10% foram aceitas. As escolhidas recebem treinamento em frentes como desenvolvimento de negócios, além de ajuda com finanças e recrutamento.

Hedberg deseja trabalhar com startups que podem se tornar grandes e se expandir internacionalmente. Como ele ressalta, o mercado doméstico da Suécia é relativamente pequeno – a população do país é de apenas 10 milhões de pessoas (para efeito de comparação, é equivalente à população de Pernambuco, onde vivem 9,5 milhões de pessoas). Um mercado doméstico tão pequeno pode ser um grande desafio para uma startup.

“Precisamos de empresários para ir para o exterior desde o primeiro dia. Precisamos encontrar mercados muito maiores que os da Suécia, e isso também é um desafio, já que você não está em seu próprio país", afirma. "No Reino Unido, você tem um grande mercado doméstico; se você está na Alemanha, tem um mercado ainda maior." Além disso, ele complementa, às vezes as startups incubadas pela Sting até têm uma ótima solução para um problema realmente interessante, mas acabam encontrando dez concorrentes em outras partes do mundo.

Mas, quando as empresas superam esses desafios, os resultados são impressionantes. Entre as empresas que deram seus primeiros passos na Sting estão a Karma, que criou um aplicativo que visa a evitar o desperdício de alimentos, ajudando restaurantes a vender refeições excedentes, a Midsummer, uma empresa de capital aberto que produz células de energia solar flexíveis, e a Yubico, uma empresa de cibersegurança que atraiu mais de US$ 30 milhões em investimentos.

E o que Hedberg procura em uma startup? Abaixo, as três perguntas-chave feitas por ele para decidir se investe ou não em uma nova startup:

1. Quero ser grande
“A primeira coisa a se perguntar é: eles estão dedicados a um problema ou uma necessidade que parece ser grande no mundo? Porque, se não for tão grande, nunca poderá ser uma grande empresa.”

2. Força das pessoas
“A segunda pergunta: as pessoas envolvidas com o projeto têm qualificações, características e motivação para fazer o que dizem que vão fazer?"

3. Inovador de verdade
“Por fim, a terceira pergunta: a solução da empresa para esse problema é mesmo inovadora? Eles inventaram algo que é realmente inteligente, que ninguém mais poderia inventar em uma semana?"

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