Um antigo ditado popular diz que é nos menores frascos que estão os melhores perfumes. Se olharmos para os campos da economia e da inovação, é possível pensar nos países nórdicos como pequenos frascos que revelam conquistas impressionantes.
Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia representam, em conjunto, cerca de 1% do PIB mundial, 0,8% do território do planeta e 0,3% da sua população (também incluída no grupo a diminuta Islândia). Mas exibem uma lista enorme de grandes nomes globais do ambiente corporativo, como Volvo, IKEA, Saab, Spotify, Lego, Novo Nordisk, Maersk, Nokia, Equinor e Hydro, entre tantos outros.
Fiéis a um estilo de vida da região onde a discrição é muito mais exercitada do que o marketing pessoal ou corporativo, as empresas dos países nórdicos frequentemente apresentam resultados relevantes sem fazer grande alarde por isso.
Se considerarmos os últimos dez anos, as empresas não financeiras da região que possuem capital aberto nas bolsas de valores registraram um desempenho superior à média europeia (ver gráfico).
A limitação de mercado representada pelos pequenos territórios dos países nórdicos levou suas empresas a buscarem expansão para novas geografias, movimento bem-sucedido graças a trajetórias corporativas consistentes, sempre alinhadas a valores de suas sociedades de origem, onde predomina um ecossistema de confiança mútua no tripé capital-trabalho-setor público.
É lá que a famosa definição “bom ambiente de negócios” encontra campo fértil. Há pouquíssima burocracia; enorme respaldo ao empreendedorismo; bom nível de previsibilidade macroeconômica; e, em geral, alta produtividade. Além disso o uso de novas tecnologias, a aposta em inovação e um grande número de bem-sucedidas startups ajuda a realimentar esse círculo virtuoso dos países nórdicos.
A capital sueca Estocolmo, por sinal, é a segunda cidade com a maior quantidade de unicórnios per capita do mundo, atrás apenas de São Francisco e seu Vale do Silício.
Mas não se pode esquecer a importância de um certo tipo de modelo de negócios de grande parte das empresas nórdicas: o controle familiar. Muitas organizações continuam nas mãos de famílias geração após geração. Esse é o caso da empresa de entretenimento Lego e da gigante de navegação Maersk.
Na Suécia, a conhecida família Wallenberg, possui significativas participações em empresas como a Atlas Copco e a Ericsson. Mas fundações (como a que controla a cervejaria Carlsberg e a farmacêutica Novo Nordisk) também garantem uma abordagem que evita privilegiar apenas os resultados de curto prazo. Em ambos os casos, sejam organizações controladas por famílias ou por fundações, estabelecer e seguir estratégias de longo prazo destinadas a perpetuar os negócios se transforma em um valor inegociável.
Esse modelo de atuação dificulta a aquisição de grandes corporações nórdicas por organizações estrangeiras.
Um número específico ajuda a traduzir essa realidade: 80% das empresas nórdicas de capital aberto gastam mais em pesquisas e desenvolvimento do que os seus concorrentes sediados em outros países da Europa e da América do Norte.
Fontes: Bloomberg e The Economist (resultado não inclui empresas do setor financeiro)
Em apenas cinco anos as empresas nórdicas cresceram de 10% para 13% sua participação no índice MSCI Europe, que aponta as empresas mais valiosas do continente. Esta é basicamente a mesma percentagem registrada pelas empresas da Alemanha, terceira maior economia do planeta.