Pela terceira vez desde que aderiu à União Europeia, em 1995, a Finlândia acaba de assumir a presidência rotativa do bloco. Uma das metas mais ambiciosas da presidência finlandesa, iniciada nesta segunda-feira (1º/7), é fazer com que a UE consiga atingir a neutralidade de carbono até 2050.
Os integrantes do bloco são hoje responsáveis por cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, e a ideia dos finlandeses é transformar o grupo na primeira grande potência mundial a adotar uma economia limpa, zerada de emissões de dióxido de carbono. O desafio faz jus ao lema “Europa sustentável, Futuro Sustentável” criado para nortear Helsinque nas discussões dos próximos seis meses.
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Em 2020, os países signatários do Acordo de Paris devem apresentar propostas mais radicais para evitar o aumento da temperatura global a 2ºC. A Comissão Europeia propôs, no ano passado, a estratégia sobre neutralidade climática até 2050.
Agora, os finlandeses terão pela frente a difícil tarefa de convencer Alemanha e Polônia – países com tradição em indústria automobilística e mineração -, além de Hungria, República Tcheca e Eslováquia – que receiam que os cortes possam afetar suas economias – a adotar o projeto do executivo europeu, como registra a RFI.
Ao assumir a presidência do Conselho da UE, a Finlândia, para além das questões climáticas, sinalizou também que quem não respeitar o Estado de Direito deve ser penalizado no recebimento dos fundos comunitários. Polônia e Hungria estão entre os que mais se beneficiam dessas verbas generosas e há anos têm sido acusados de violar os valores democráticos europeus em questões como imigração, corrupção, liberdades civis e direitos de minorias.
O combate ao autoritarismo passa pela ideia de Estado de Direito, um dos pilares do regime democrático. No ano passado, em uma ação inédita, o Parlamento Europeu solicitou a ativação do artigo 7, que poderia retirar da Hungria o direito de voto nas decisões essenciais do bloco. Em revanche, os governos húngaro e polonês ameaçam rejeitar o próximo orçamento da Comissão Europeia.
Outro objetivo da presidência finlandesa é envolver a sociedade civil no combate a campanhas de desinformação e notícias falsas, as chamadas fake news. A Finlândia é campeã global em confiança na imprensa, segundo uma pesquisa realizada pelo Reuters Institute.