
A União Europeia concretizou nesta quinta-feira (13) a doação de 20 milhões de euros (cerca de R$ 124 milhões) ao Fundo Amazônia, elevando o montante total do mecanismo para R$ 3,9 bilhões. A transferência foi celebrada em Belém durante a COP30, com presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da embaixadora da UE no Brasil, Marian Schuegraf.
O aporte demorou dois anos para ser efetivado após o anúncio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante visita ao Brasil em 2023. O timing da concretização coincide com a conferência climática global sediada na Amazônia e reflete as complexidades das negociações entre o bloco europeu e países sul-americanos.
Contexto geopolítico e comercial
A doação ocorre em meio a tensões sobre o acordo UE-Mercosul. O bloco europeu avança na aprovação do pacto comercial enquanto enfrenta críticas de organizações ambientais que questionam sua compatibilidade com metas climáticas. Análises indicam que o acordo poderia resultar na perda de 700 mil hectares de floresta apenas pela produção de carne bovina.
Com tarifas impostas por Donald Trump, a UE busca diversificar parcerias comerciais e reduzir dependência da China, particularmente em minerais críticos. A contribuição ao Fundo Amazônia pode ser interpretada como tentativa de equilibrar avanços comerciais com compromissos ambientais.
Dimensão do aporte
Além da UE, o Fundo Amazônia conta com apoio de Noruega, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Petrobras. Para dimensionar, desde 2008, a Noruega aportou mais de US$ 1,2 bilhão ao fundo, enquanto a Alemanha contribuiu com mais de US$ 68 milhões.
Desde janeiro de 2023, foram anunciadas doações de aproximadamente R$ 3,9 bilhões: R$ 2,5 bilhões dos Estados Unidos, R$ 711 milhões do Reino Unido, R$ 250 milhões da Noruega e R$ 186 milhões da Alemanha. Os € 20 milhões europeus, distribuídos ao longo de quatro anos, representam contribuição modesta em termos absolutos.
Desafios regionais
Em 2023, o objetivo brasileiro de conseguir que todos os oito países amazônicos assinassem meta de desmatamento zero foi bloqueado por nações como Bolívia, Guiana e Suriname. Em 2024, o desmatamento amazônico na Colômbia saltou cerca de 50% em comparação com o ano anterior, enquanto na Bolívia atingiu nível recorde.
No Brasil, houve redução de 17% no desmatamento amazônico em 2024 comparado a 2023, resultado que o governo apresenta como justificativa para novas doações. Criado em 2008 e administrado pelo BNDES, o fundo financia projetos de conservação, uso sustentável da floresta, bioeconomia e proteção de povos tradicionais.






