Avanço da extrema direita no Parlamento Europeu é confirmado pelas urnas

10 de junho de 2024 3 minutos
Europeanway

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, encerradas no domingo 9 de junho, confirmaram o que as pesquisas vinham apontando há várias semanas: centro-direita e direita avançaram significativamente e trazem assim novos elementos ao xadrez político da Europa.

Agrupamentos políticos nacionalistas e ultradireitistas como o Identidade e Democracia (ID) e o AfD (este considerado simpatizante do nazismo) ganharam maior representação na nova legislatura. Defensores da revisão de várias premissas do atual sistema de União Europeia, mesmo com esses avanços tais agrupamentos não terão votos suficientes para imporem grandes mudanças. Isso porque a maioria dos assentos seguirá com as agremiações que defendem uma Europa unificada.

O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita e ao qual pertence a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen (candidata à reeleição), consolidou sua posição como a maior bancada do bloco, passando de 176 para 189 eurodeputados. A centro-esquerda do S&D terá 135 cadeiras (tinha 139); o centrista Renew, passou de 102 para 83 assentos; os ambientalistas do Greens/EFA saíram de 72 para 53 eurodeputados.

Os resultados das eleições representaram uma derrota significativa para os governos da França e da Alemanha. Como resposta às perdas, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a dissolução do parlamento nacional e já convocou novas eleições. O primeiro-ministro alemão Olaf Scholz e seu partido SPD social-democrata encolheram e hoje tem um rival praticamente da mesma relevância que o AfD, que atua no espectro político oposto.

Já o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, simplesmente anunciou sua renúncia depois dos resultados.

As bolsas de valores europeias refletiram a incerteza com uma queda na abertura dos trabalhos nesta segunda-feira. Investidores seguem avaliando os impactos da vitória dos partidos de extrema direita no continente e seu eventual impacto no ambiente de negócios.

A eleição atual do Parlamento Europeu reforça uma tendência de vitórias da direita e centro-direita em diversas nações e regiões do planeta. O partido de Emmanuel Macron, Renovar a Europa, viu sua representação diminuir de 102 para 93 cadeiras, enquanto o Identidade e Democracia aumentou de 49 para 58 eurodeputados. O bloco da Esquerda Unitária Europeia caiu de 37 para 35 cadeiras.

A renovação do Parlamento Europeu, que ocorre a cada cinco anos e mobilizou cerca de 373 milhões de eleitores dos 27 países membros da União Europeia entre 6 e 9 de junho. Com sedes em Estrasburgo (França) e Bruxelas (Bélgica), o Parlamento conta com 720 assentos. As eleições utilizam um sistema de representação proporcional, onde cada país recebe um número de assentos baseado em sua população, seguindo o princípio da “proporcionalidade degressiva”, que permite uma representação proporcional mais equilibrada para países menores.

Impactos no Brasil e na América Latina

Além dos impactos internos, a nova composição do Parlamento Europeu deverá afetar as relações com a América Latina, incluindo o Brasil, em áreas como direitos migratórios, regulação de redes sociais, leis ambientais e protecionismo econômico. O acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que necessita da aprovação de todos os Estados-membros e que entrou no ano passado em compasso de espera, poderá enfrentar ainda mais dificuldades para avançar, dadas as novas circunstâncias políticas.

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