Água com ozônio é alternativa a álcool gel, diz estudo norueguês

25 de março de 2020 4 minutos
Bergen álcool gel alternativa

Lavar frequentemente as mãos com sabão ou sabonete e aplicar álcool gel são duas das formas mais eficazes de evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Mas, segundo um estudo feito por pesquisadores noruegueses, há uma alternativa ao álcool gel que é, no mínimo, tão eficaz para higienizar as mãos quanto ele: água corrente, de torneira, com adição de ozônio.

Embora não tenha sido realizada por causa da pandemia da Covid-19, infecção respiratória causada pelo vírus, a pesquisa é recente. Publicada em 2019, ela mostrou que a água ozonizada foi até mais eficiente que o álcool gel para remover as bactérias E. coli, que são normalmente encontradas no intestino humano, mas que, em grandes quantidades, podem causar infecções intestinais e urinárias. O estudo foi publicado no Journal of Hospital Infection.

A ideia da pesquisa surgiu a partir de um incidente ocorrido na cidade norueguesa de Bergen em 2004, quando centenas de pessoas foram infectadas com giárdia. Esse protozoário também é encontrado no intestino humano, mas, em grandes quantidades, pode causar diarreia e dificuldade para a absorção de nutrientes durante a digestão. Como a giárdia estava na água potável da cidade, várias pré-escolas e jardins de infância começaram a usar água de torneira ozonizada para lavar as mãos. Era uma tentativa de reduzir a propagação de doenças, mas, com a repercussão negativa, as autoridades desistiram dessa abordagem.

Poucas informações

Líder do estudo, Hans Johan Breidablik, PhD e consultor sênior do Førde Hospital Trust, disse que decidiu investigar a eficácia do método ao perceber que havia poucas informações científicas sobre ele. Faltam pesquisas a respeito, disse, mesmo o ozônio sendo usado em lugar do cloro como desinfetante em algumas estações de tratamento de água.

Com o uso de E. coli tratadas para que não fossem infecciosas, o estudo teve a participação de 30 profissionais de enfermagem. Eles mergulharam uma das mãos em um composto com mais de 30 mil bactérias e a lavaram com um dos métodos. “Depois de várias semanas, o experimento foi repetido, mas cada um trocou a mão e o método usado. Isso descartou diferenças individuais”, explicou Breidablik.

Os pesquisadores testaram duas concentrações diferentes de ozônio na água da torneira para o estudo, e aí apareceu uma das surpresas: a menor concentração era melhor na remoção de bactérias. Breidablik diz ser importante procurar alternativas aos métodos de desinfecção mais usuais – e a declaração foi dada, frise-se, muito antes da crise atual do coronavírus.

Sem alergia

Outro benefício de lavar as mãos em água ozonizada é que essa alternativa não causa irritação e ressecamento da pele, o que muitas vezes ocorre com o álcool gel. Breidablik relatou o caso de cirurgiões que haviam abandonado sua profissão por terem desenvolvido uma alergia conhecida como eczema. Esses profissionais, conta o pesquisador, puderam retornar à atividade quando passaram a usar água ozonizada para higienizar as mãos.

O gás ozônio pode ser tóxico para o organismo em altas concentrações. No entanto, quando adicionado à água, as concentrações de ozônio são bastante baixas. Na natureza, a incidência mais alta de ozônio é encontrada na estratosfera. O gás ajuda a filtrar grande parte da luz ultravioleta do sol, que causa doenças como câncer de pele.

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