Quando pensamos na pontualidade europeia, a Suíça frequentemente vem à mente. Afinal, é o país dos trens que não atrasam, dos relógios precisos e da eficiência. No entanto, uma pesquisa recente trouxe à tona um dado surpreendente: a ocupação no topo do ranking dos países com mais atrasos e cancelamentos de voos no verão de 2024. O estudo, realizado pela organização alemã Flightright, especializada em direitos dos passageiros, revela um quadro inesperado e coloca em xeque a reputação da aviação europeia.
De acordo com o levantamento, entre os dias 20 de junho e 4 de setembro, cerca de 38,78% dos voos na Suíça sofreram atrasos. Dos 49.004 voos programados no país, 19.006 chegaram ou partiram mais de 15 minutos fora do horário previsto. A Grécia e a Turquia seguiram de perto, com taxas de atraso de 36,97% e 36,52%, respectivamente. E não foi só nos atrasos que a Suíça liderou: com 2,5% de voos cancelados (1.227 no total), o país também encabeçou o ranking de cancelamentos, seguido pela Alemanha (2,4%) e Áustria (1,46%).
O estudo apontou também que Berlim (BER), Frankfurt (FRA), Munique (MUC) e Zurique (ZRH) são os aeroportos com maiores índices de cancelamentos, com a capital alemã liderando com 3,01%. No caso dos atrasos, Frankfurt e Zurique também figuram entre os piores aeroportos da temporada.
As companhias aéreas também não saíram ilesas do levantamento. O grupo Lufthansa, um dos maiores conglomerados de aviação da Europa, dominou o ranking das piores companhias em atrasos e cancelamentos. A Eurowings, subsidiária do grupo, teve que cancelar 1.344 de seus 43.550 voos e viu outros 14.101 saírem ou chegarem fora do horário. A Lufthansa não ficou atrás, com 3.035 cancelamentos em 104.698 voos programados e 36.462 com atrasos. A Swiss, que deveria representar a eficiência suíça, cancelou 840 de seus 32.222 voos e atrasou 13.866 deles. Entre as low-cost, a Easyjet, que operou 135.146 voos, cancelou 3.441 e atrasou 58.262.
Para explicar esse cenário, Suíça e Alemanha apontam uma série de desafios. A escassez de mão de obra, greves e até o clima instável foram citados como causas. Em Zurique, a configuração do aeroporto com pistas cruzadas e o tráfego aéreo intenso no centro europeu são apontados como fatores críticos. Em junho, um bug no sistema da Skyguide, controladora de tráfego aéreo suíça, teria gerado um terço dos atrasos de voos no país.